E se ... a renda fosse bem distribuída no Brasil?
Imagine viver em um lugar em que a renda fosse igualmente dividida entre as pessoas que trabalham: nenhum mendigo, ninguém passando fome, sensação de segurança. Essas são algumas das diferenças mais marcantes do que seria o Brasil se tivéssemos uma distribuição perfeita.
É importante dizer que ninguém seria rico. Pelo atual padrão de renda no país, se toda a riqueza produzida em um mês fosse dividida pela população economicamente ativa, dariam 600 reais para cada trabalhador. Para aumentar esse salário, só se o Brasil, como um todo, produzisse mais riqueza. Estamos bem longe dessa realidade. Na verdade, poucos países no mundo estão mais longe dessa realidade do que nós. Segundo dados de 2002 do Banco Mundial, só três países africanos (Suazilândia, República Centro-Africana e Serra da Leoa) têm distribuição de renda mais desigual do que a nossa.{...}
Se a igualdade ocorresse de um dia para o outro, o consumo de produtos básicos, como alimentos, subiria bastante. Em dezembro do ano passado, Brasil tinha 54 milhões de pessoas vivendo com menos de meio salário mínimo, segundo o Instituto de Geografia e Estatística. Agora imagine toda essa gente comprando. Não só arroz com feijão, mas iogurtes, chocolates, bolos. Nos primeiros meses, os preços iriam às alturas e teria muita gente se estapeando no supermercado. O risco da inflação crônica seria enorme. O mercado precisaria de um tempo para se ajustar. Aos poucos, haveria um aumento na produção agrícola, gerando maior oferta de trabalho no campo e uma produção mais voltada ao mercado interno. Quem optasse por trabalhar na lavoura teria mais chances de ser bem-sucedido, diminuindo o inchaço nas grandes cidades.
“Por outro lado, o consumo ostensivo diminuiria, uma vez que os muito ricos já não seriam tão ricos assim”, lembra Paul Singer, professor de economia da USP. Cairia a oferta de iates e carros de luxo. Talvez as fábricas desses bens tivessem de se adaptar e produzir geladeiras, fogões, e eletrodomésticos. Provavelmente, seria possível passar férias em mansões na praia, já que o “precinho” do aluguel desses palácios despencaria.
Com o tempo, o ensino seria mais acessível. Teríamos mais cientistas e maior produção de conhecimento, fator indispensável para o crescimento. Os subempregos e o mercado informal, como os flanelinhas e os camelôs, desapareceriam. Quem não iria gostar muito dessa história seriam as empresas{...} condenas à falência quando se trata de um Estado que oferece oportunidades iguais. Por aí pode-se imaginar a guerra de interesses para chegarmos à igualdade. Enquanto isso, continuamos disputando o primeiro lugar dos desiguais com países africanos.{...}
Mariana Sgarioni. Revista Superinteressante, no. 189.
São Paulo de 2003. Abril, junho de 2003.
1. Compreensão/ interpretação do texto E se... a renda fosse bem distribuída no Brasil?:
1.1. O que desperta no leitor o fato de o texto ser iniciado com uma pergunta?
1.2. O texto transmite uma ideia hipotética, uma possibilidade: “E se ... a renda {...}”. Com base no primeiro parágrafo, responde.
1.2.1. Que argumentos são utilizados pelo para convencer o leitor sobre essa hipótese?
1.3. No segundo parágrafo, a autora afirma que o desnível socioeconômico do nosso país só é comparável, segundo dados de 2002 do Banco Mundial, ao de três países africanos.
1.3.1. Qual seria a solução apresentada no trecho para tornar mais equilibradas as condições sociais do Brasil?
1.3.2. Ao usar a expressão “como um todo”, o que fica implícito na afirmação do autor?
1.4. Segundo o autor, se a desigualdade de renda ocorresse no Brasil, dois fatos ocorreriam paralelamente.
1.4.1. Que fatores seriam esses?
1.4.2. Segundo a autora, por que haveria a diminuição de produtos ostensivos? Cita dois exemplos de produtos básicos e dois de ostensivos.
1.4.3. Em tua opinião, toda população seria beneficiada pela correta distribuição de renda no Brasil? Seria possível existir uma sociedade assim? Justifica.
1.5. No 4º. parágrafo, a autora faz referência a um especialista, o professor Paul Singer.
1.5.1. Com que objetivo ela cita as palavras do professor? Que efeito o emprego desse recurso produz ao que é dito no texto?
1.5.2. Que outros recursos são empregados pela autora para validar o que afirma em seu texto?
1.6. No mesmo parágrafo em que cita Paul Singer, ela afirma que um efeito produzido por essa mudança seria a mudança do consumo ostensivo de produtos de luxo.
1.6.1. Por que foram empregadas aspas em “precinhos” do aluguel desses palácios?
1.6.2. Em tua opinião, que outros bens poderiam também ter o “precinho” reduzido, possibilitando um maior acesso da população?
1.7. O que aconteceria se a renda fosse igualmente dividida entre as pessoas que trabalham, os 54 milhões de brasileiros que ganham meio salário mínimo?
1.8. O que aconteceria se a renda fosse igualmente dividida entre as pessoas que trabalham, como seria o acesso à saúde e à educação?
Soluções para a tarefa
Resposta:viver em um lugar em que a renda fosse igualmente dividida entre as pessoas que trabalham: nenhum mendigo, ninguém passando fome, sensação de segurança. Essas são algumas das diferenças mais marcantes do que seria o Brasil se tivéssemos uma distribuição perfeita.
É importante dizer que ninguém seria rico. Pelo atual padrão de renda no país, se toda a riqueza produzida em um mês fosse dividida pela população economicamente ativa, dariam 600 reais para cada trabalhador. Para aumentar esse salário, só se o Brasil, como um todo, produzisse mais riqueza. Estamos bem longe dessa realidade. Na verdade
biancafigueired avatar
biancafigueired
26.08.2019
História
Ensino fundamental (básico)
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Como seria se a renda do brasil fosse distribuida igualmente ? minimo 25 linhas
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mariayasmim46
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Imagine viver em um lugar em que a renda fosse igualmente dividida entre as pessoas que trabalham: nenhum mendigo, ninguém passando fome, sensação de segurança. Essas são algumas das diferenças mais marcantes do que seria o Brasil se tivéssemos uma distribuição perfeita.
É importante dizer que ninguém seria rico. Pelo atual padrão de renda no país, se toda a riqueza produzida em um mês fosse dividida pela população economicamente ativa, dariam 600 reais para cada trabalhador. Para aumentar esse salário, só se o Brasil, como um todo, produzisse mais riqueza. Estamos bem longe dessa realidade. Na verdade, poucos países no mundo estão mais longe dessa realidade do que nós. Segundo dados de 2002 do Banco Mundial, só três países africanos (Suazilândia, República Centro-Africana e Serra Leoa) têm distribuição de renda mais desigual do que a nossa. Para fazer essa classificação, usa-se o índice de Gini, fruto de um cálculo complicadíssimo e que varia de zero a 1. Quanto mais próximo de zero, mais justa e igualitária é a distribuição de renda. O índice da Suécia, um dos países onde a renda é mais bem distribuída, é 0,24. O nosso é um escandaloso 0,57.