Artes, perguntado por mariaclara0236, 5 meses atrás


E possível perceber a variedade de cerimonias religiosas ou de eventos do cotidiano aos quais se associam. Cite os
toques de sinos que fazem parte da antiga tradição religiosa:​

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Respondido por herminiamucuho2
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Os sinos fazem parte da cultura do povo, especialmente dos católicos que vivenciam a programação de suas paróquias. Os seus toques representam um elo de ligação entre o clero e seus fiéis, congregando a comunidade para situações diversas — religiosas ou profanas. Nas pequenas cidades e vilas do Interior, onde o barulho dos carros ainda não chegou, o sino ecoa de ponta a ponta, anunciando os eventos importantes da comunidade. Nas sedes das dioceses, os velhos sineiros lembram o código de cada toque. No Crato, o sineiro José Nunes, conhecido por “Zé de Zumba”, domina a arte de chamar os fiéis no tocar do sino da Sé Catedral. Na Igreja de Nossa Senhora do Patrocínio, em Sobral, os sinos tocam sempre às 5h30min e 16h30min, durante a semana, chamando os fiéis para a missa. É um toque sagrado que sai do alto da torre da Igreja e toma conta das ruas e das residências. Porém, em Juazeiro do Norte, os oito sinos da torre do Santuário de São Francisco estão mudos há quatro anos e não existe previsão de quando vão voltar a romper o silêncio para matar as saudades dos que moram no bairro da paróquia e adjacências. Hoje, eles só tocam quando acionados por cordas convidando os fiéis para as celebrações.

Na terça-feira, às 13 horas, o velho sacristão da Sé Catedral do Crato, José Nunes de Oliveira, 67 anos, conhecido por “Zé de Zumba” subiu, ofegante, a escada que dá acesso ao coro da Igreja Matriz e, em seguida, escalou a escada de ferro até chegar ao topo da torre, onde estão instalados os dois sinos. Imediatamente, acionou com uma corda os dois badalos, anunciando a eleição do papa Bento XVI. O som festivo dos sinos, intercalado com o carrilhão elétrico, estavam interpretando a linguagem litúrgica da Igreja Católica.

O catolicismo mantém vivo o costume de pontuar os acontecimentos do cotidiano com o toque dos sinos de suas igrejas e capelas. O sino é o despertador, o correio da boa e da má notícia. É o sino que anuncia a morte e a vida. Esta tradição teve origem na época colonial. À medida que os arraiais se desenvolviam, as primeiras capelas erguidas eram ampliadas ou transformadas em igrejas, ganhando torres nas quais um ou mais sinos eram fixados. O jornalista Huberto Cabral lembra que na década de 40, o padre Frederico, vigário da paróquia de São Vicente do Crato, desfilou, num carro de boi, nas ruas do Crato, com os sinos que acabara de comprar. “O mais curioso, o padre alemão estava cobrando mil réis por cada badalada. Era uma forma de ajudar a pagar os sinos”, explica Cabral.

Na verdade, os sinos fazem parte da cultura do povo. Eles representam um elo de ligação entre o clero e seus fiéis, congregando a comunidade para situações diversas, religiosas ou profanas. Quando nascia o filho de uma autoridade, o sino principal do local anunciava o feliz acontecimento, informando, ainda, o sexo da criança: se menino, ouvia-se nove pancadas no sino grande; se menina, sete pancadas no sino médio ou grande.

Para cada acontecimento existia um código sonoro estabelecido e conhecido por toda a comunidade, que se manteve preservado na memória do povo. Ainda hoje, homens, mulheres e crianças sabem interpretar a linguagem singular dos sinos, que convida para as missas e seus celebrantes, procissões e solenidades religiosas, nascimentos, falecimentos, enterros e datas comemorativas. Se a missa for festiva, há repique no início e final da celebração; se for solene, há repique com dobre duplo do sino grande. A hora do Ângelus é marcada por nove badaladas diárias durante todo o ano, exceto na sexta-feira e sábado santos. Na véspera de Natal, as igrejas que celebram a Missa do Galo tocam seus sinos simultaneamente, anunciando o nascimento de Jesus Cristo.

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