E como manejava bem os cordéis de seus títeres, ou ele mesmo, títere voluntário e consciente, como entregava o braço, as pernas, a cabeça, o tronco, como se desfazia de suas articulações e de seus reflexos quando achava nisso conveniência. Também ele soubera apoderar-se dessa arte, mais artifício, toda feita de sutilezas e grosserias, de expectativa e oportunidade, de insolência e submissão, de silêncios e rompantes, de anulação e prepotência. Conhecia a palavra exata para o momento preciso, a frase picante ou obscena no ambiente adequado, o tom humilde diante do superior útil, o grosseiro diante do inferior, o arrogante quando o poderoso em nada o podia prejudicar. Sabia desfazer situações equívocas, e armar intrigas das quais se saía sempre bem, e sabia, por experiência própria, que a fortuna se ganha com uma frase, num dado momento, que este momento único, irrecuperável, irreversível, exige um estado de alerta para a sua apropriação.RAWET, S. O aprendizado. In: Diálogo. Rio de Janeiro: GRD, 1963 (fragmento).LC - 2o dia | Caderno 7 - AZUL - Página 7No conto, o autor retrata criticamente a habilidade do personagem no manejo de discursos diferentes segundo a posição do interlocutor na sociedade. A crítica à conduta do personagem está centrada A na imagem do títere ou fantoche em que o personagem acaba por se transformar, acreditando dominar os jogos de poder na linguagem. B na alusão à falta de articulações e reflexos do personagem, dando a entender que ele não possui o manejo dos jogos discursivos em todas as situações. C no comentário, feito em tom de censura pelo autor, sobre as frases obscenas que o personagem emite em determinados ambientes sociais. D nas expressões que mostram tons opostos nos discursos empregados aleatoriamente pelo personagem em conversas com interlocutores variados. E no falso elogio à originalidade atribuída a esse personagem, responsável por seu sucesso no aprendizado das regras de linguagem da sociedade.
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a) Na imagem do títere ou fantoche em que o personagem acaba por se transformar, acreditando dominar os jogos de poder na linguagem.
pois o personagem apresenta a habilidade de adaptar-se linguisticamente às situações. Essa habilidade é usada em benefícios próprios. O autor parece elogiar essa habilidade, porém, critica a conduta do personagem. A opção A afirma essa posição do autor, pois além de confirmar esse falso elogio à personagem, informa que seu sucesso é devido ao aprendizado das regras de linguagem da sociedade.
pois o personagem apresenta a habilidade de adaptar-se linguisticamente às situações. Essa habilidade é usada em benefícios próprios. O autor parece elogiar essa habilidade, porém, critica a conduta do personagem. A opção A afirma essa posição do autor, pois além de confirmar esse falso elogio à personagem, informa que seu sucesso é devido ao aprendizado das regras de linguagem da sociedade.
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Resposta: LETRA A. A crítica à conduta do personagem está centrada na imagem do títere ou fantoche em que o personagem acaba por se transformar, acreditando dominar os jogos de poder na linguagem.
Explicação:
Olá. Essa é uma questão de interpretação de texto. Logo no início do conto é dito que "E como manejava bem os cordéis de seus títeres, ou ele mesmo, títere voluntário e consciente, como entregava o braço, as pernas, a cabeça, o tronco, como se desfazia de suas articulações e de seus reflexos quando achava nisso conveniência". Essa passagem deixa clara a crítica do autor à conduta do personagem. Isso é, de que a personagem, na vdd, se transforma em um fantoche, ainda que acredite dominar os jogos de poder na linguagem.
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