durante o século XV o renascimento principalmente na Itália entrou em declínio explique as razões desse processo relacionando-as ao desenvolvimento da reforma e a nova economia criada pelas navegações oceânicas
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Resposta:
A renascença italiana emerge em meio ao século XIII, período em que as invasões estrangeiras haviam feito com que a região mergulhasse numa grande confusão e depressão. Entretanto, as idéias que a forjaram espalharam-se por toda Europa, fomentando o que viria a ser chamado o renascimento do norte e, mesmo fora do continente, o renascimento inglês. Ocorrem os primeiros passos no sentido da "invenção do sujeito" [3].
Até meados do século XIV a região centro-sul da Itália, que fora o coração do Império Romano, estava empobrecida. Roma era uma cidade em ruínas e os Estados Papais eram parcamente administrados, já que a sede do Papado tinha sido deslocada para Avinhão, na França. Sicília, Sardenha e Nápoles estiveram por um longo período sob domínio estrangeiro.
A região norte, por outro lado, atravessava um período de maior prosperidade: Milão, Florença, Pisa, Siena, Gênova, Ferrara e Veneza.
Embora possam ser assinalados marcos importantes na história da cultura, que trouxeram à luz mudanças importantes em relação a costumes anteriores, o Renascimento não representou uma virada súbita a partir do nada em relação à Idade Média. Ao contrário, foi mais uma intensificação, num processo de evolução continuada, de um interesse pelas coisas da Antiguidade que existia desde séculos antes. Suas raízes de humanismo,[4] naturalismo, racionalismo e idealismo estavam lançadas desde a Grécia Antiga, em torno dos séculos VI-V a.C., e jamais se perderam inteiramente de vista para os italianos, em cujo solo se perpetuaram várias relíquias do Império Romano, ele próprio um herdeiro da tradição grega e o principal agente da sua primeira transmissão à posteridade. Além de monumentos e algumas obras de arte, uma parte importante da literatura artística e filosófica grecorromana se conservou ao longo da Idade Média através do trabalho de copistas em vários mosteiros da Europa, e diversos princípios clássicos foram incorporados ao pensamento filosófico e religioso cristão. Assim, mesmo que o cristianismo tenha obscurecido ou adaptado esses princípios para servirem à sua doutrina, o mundo clássico permanecia uma referência viva não só para italianos, mas para vários outros povos europeus. Por outro lado, o cristianismo introduziu na Europa a noção de pecado, a doutrina do inferno e repudiou o corpo humano, e com isso se criou uma atmosfera psicológica um tanto sombria ao longo da Idade Média, fazendo o homem comum considerar a si mesmo um ser abjeto e cujo Deus era um tirano furioso e implacável, sempre pronto a vingar ofensas das maneiras mais cruéis.[5]
Adão, originalmente na fachada da Catedral de Notre-Dame de Paris, c. 1260, hoje no Museu de Cluny.
Uma tendência a uma reforma nesse estado de coisas teve seu início com a consolidação das primeiras universidades. Desde meados do século XI, Paris se tornara o maior centro teológico e cultural da Europa através da presença de grandes filósofos e pedagogos como Pedro Abelardo e Hugo de São Vitor, e da atuação de várias escolas, que se fundiram para formar, por volta de 1170, a Universidade de Paris. Nesse ambiente acadêmico, bastante liberal e relativamente independente da Igreja, ganhou terreno uma filosofia humanista e se estruturou a doutrina do purgatório, que oferecia uma via de escape do inferno através de um estágio purificador preliminar à ascensão ao paraíso. Ao mesmo tempo a Virgem Maria, bem como outros santos, começaram a ser considerados grandes advogados da humanidade junto à justiça de Cristo. Nesse processo a antiga tendência da fé cristã de corrigir o pecador através do medo e da ameaça com a danação eterna foi atenuada por visões que ressaltavam a misericórdia antes do que a ira divina, e que levavam mais em conta a falibilidade inerente à natureza humana.[6] Ao mesmo tempo em que humanismo ensinado nas escolas de filosofia redefinia princípios fundamentais da fé, também possibilitava a absorção de elementos da Antiguidade clássica na arte, afrouxava a rigorosa ética que norteara o pensamento moral nos séculos anteriores, e direcionava a atmosfera cultural em direção a uma maior laicização, favorecendo o deslocamento do interesse do supranatural para o mundano e para o humano.[7] E também resgatava o valor da pura beleza das formas que havia sido perdido desde a Antiguidade, considerando, como fez São Tomás de Aquino, que a Beleza estava intimamente associada com a Virtude, derivando da coordenação das partes de um objeto entre si em proporções corretas e da plena expressão de sua natureza essencial.[8] Segundo Hauser, nesse período, chamado de Gótico, se completou