- Durante meses, eu e meu amigo nos falamos por telefone. Sempre reclamávamos da escassez de encontros pessoais. - Precisamos nos ver! - ele dizia. - Vou arrumar um tempinho, eu prometia. Posso ser antiquado, mas acredito que nada substitui o olho no olho. A expressão, o jeito de falar, a gargalhada espontânea, tudo isso dá nova dimensão ao relacionamento. Cumpri minha promessa e fui a seu apartamento. Nos primeiros dez minutos, falamos da vida como não fazíamos havia bastante tempo. Em seguida, tocou o telefone. - Um momento. Iniciou-se uma longa discussão sobre quem compraria ingressos para um espetáculo. Já estava desligando, quando se ouviu o celular. [...] Falou rapidamente com a primeira pessoa, desligou e voltou ao celular. Foi a vez do bip, que tocou insistentemente. Pediu desculpas, foi ver a mensagem. Recado urgente para chamar determinada pessoa. Novamente, trocou mais algumas frases ao celular. Desligou. Pediu-me novas desculpas. Ligou para quem o havia bipado. Mais questões de trabalho. Quando anotava alguns detalhes, a linha, digital, anunciou que mais alguém queria falar. Pediu licença e atendeu a outra linha. Olhou para mim e pediu desculpas. [...] Entrou um fax. Observei o relógio demoradamente. Aproveitei o intervalo entre o bip e um novo telefonema para dizer bem depressa: Preciso ir. Depois eu ligo. Sorriu, satisfeito. - Então me chame depois. Não esqueça, hein? - Mando um e-mail e você me responde. Assim o papo fica melhor. Gostou da ideia, sem perceber a ironia, Pediu mais um minutinho no telefone, dizendo que ia me levar até a porta e já voltava. Comentou, já tranquilo: - Nossa, como a gente tem coisas pra falar. Você ficou mais de duas horas aqui e nem botamos tudo em dia. Repuxei os lábios, educadamente. Certas pessoas estão grudadas aos telefones, celulares, bips e e-mails. Inventou-se de tudo para facilitar a comunicação. Às vezes acredito que, justamente por causa disso, ela anda se tornando cada vez mais difícil. CARRASCO, Walcyr. A vida pelo telefone. In: Veja São Paulo, Abril, 19 abr. 2000. *Adaptado: Reforma Ortográfica. QUESTÃO 1 Nesse texto, em relação à comunicação, o autor demonstra uma opinião no trecho:
(A) "Preciso ir. Depois eu ligo.".
(B) "Assim o papo fica melhor.".
(D) "... ela anda se tornando cada vez mais difícil.".
(C) "Inventou-se de tudo para facilitar a comunicação.".
Soluções para a tarefa
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Resposta:
Aternativa b) assim o papo ficou melhor
Explicação:
Bom estudo♥️
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