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Introduzido no Brasil no início do século XVIII por Francisco de Melo Palheta, a partir de sementes contrabandeadas da Guiana Francesa, o café foi o produto que impulsionou a economia brasileira entre as décadas de 1850 e 1930.[58] Concentrado a princípio no Vale do Paraíba (entre Rio de Janeiro e São Paulo) e depois no sul paulista e nas zonas de terra roxa do oeste de São Paulo e do Paraná, o grão foi o principal produto de exportação do país durante quase 100 anos. Em 1860 foi construída a estrada de ferro que ligava São Paulo ao porto de Santos e a produção cresceu rapidamente no estado nas décadas de 1880 e 1890. Em 1894, a produção que passava pelo porto de Santos superou a do Rio de Janeiro e lhe tornou o maior centro exportador de café do mundo.[59]
A economia cafeeira em São Paulo foi o grande motor da economia brasileira desde a segunda metade do século XIX até a década de 1920. Como o Brasil detinha o controle sobre grande parte da oferta mundial desse produto, podia facilmente controlar os preços do café nos mercados internacionais, obtendo assim lucros elevados. Segundo Celso Furtado, o maior problema deste sistema econômico era que, sendo o Brasil um país abundante em terras disponíveis para a agricultura e em mão de obra subempregada, os lucros obtidos incentivavam novas inversões de capitais no setor, elevando gradualmente a oferta de café a ser exportado. Por outro lado, a demanda mundial de café tinha a característica de ser inelástica em relação ao preço e à renda dos consumidores, isto é, o seu crescimento dependia fundamentalmente do crescimento populacional dos países consumidores. Assim, tinha-se uma situação de crescimento da oferta de café muito superior ao crescimento de sua demanda, indicando uma tendência estrutural de baixa de preços no longo prazo.
As políticas governamentais de valorização do café, conforme instituídas do Convênio de Taubaté em 1906, consistiam basicamente na compra, por parte do governo federal, dos estoques excedentes da produção de café, por meio de empréstimos externos financiados por tributos cobrados sobre a própria exportação de café. No curto prazo, tal política ajudou a sustentar os preços internacionais do produto, sustentando a renda dos exportadores. Porém, a médio e longo prazo, essa política deu uma posição de favorecimento do café sobre os demais produtos brasileiros de exportação, além de inflar artificialmente os lucros do setor (pois essa política não tinha nenhum impacto sobre a demanda internacional pelo produto), o que estimulava novas inversões de capitais na produção, pressionando ainda mais a oferta nacional de café.
A crise internacional de 1929 exerceu imediatamente um duplo efeito na economia brasileira: ao mesmo tempo em que reduziu a demanda internacional pelo café brasileiro, pressionando seus preços para baixo, impossibilitou, ao governo brasileiro, tomar empréstimos externos para absorver os estoques excedentes de café, devido ao colapso do mercado financeiro internacional. Todavia, o governo não poderia deixar os produtores de café a sua própria sorte e vulneráveis aos efeitos da grande crise; o custo político de uma atitude como essa seria impensável para um governo que ainda estava se consolidando no poder, como era o caso do governo de Getúlio Vargas no início da década de 1930. Por isso, a partir deste período, o Estado brasileiro passou a desempenhar um papel ativo na economia nacional