DOU 30 PONTOS É URGENTE
Descreva sociologicamente o processo de revolução burguesa no Brasil, explicando dois pontos:
a) As razões da elite rural do brasileira ter se aburguesado
b) O liberalismo não ter se tornado uma doutrina pura no Brasil
Soluções para a tarefa
Resposta:
A natureza da crise brasileira – da crise do Estado brasileiro e seu reflexo no conjunto da sociedade – só pode ser compreendida quando analisada nos marcos da luta de classes que se desenvolve no País. Este artigo faz parte de um esforço inicial de abordagem desta questão, levantando hipóteses que possam contribuir para sua investigação e debate. Ele parte da tese de que podemos estar assistindo, na luta política em curso, aos embates finais da revolução burguesa no Brasil.
A revolução burguesa é o processo pelo qual o capitalismo se torna hegemônico nas formações econômico-sociais, submetendo a seus interesses toda a produção material. Ela tem uma fase de longa duração, marcada pelas transformações sociais e econômicas que levam ao capitalismo, e uma fase mais curta, em que a burguesia completa seu domínio com a conquista do poder político.
Muita gente pensa que a revolução burguesa não ocorre em países de passado colonial, como o Brasil. Há mesmo quem fale em “contra-revolução burguesa permanente”. Outros, por sua vez, tentam identificar em vários episódios da história do Brasil, de 1808 a 1964, a ocorrência completa ou parcial da revolução da burguesia.
No Brasil, a revolução burguesa coincide com o período em que a burguesia, em nível internacional, deixou de ser revolucionária. Depois das revoluções européias de 1830 e 1848, e particularmente depois da Comuna de Paris, em 1871, a burguesia evita os movimentos políticos de massa para promover mudanças sociais. É o tempo da revolução pelo alto, conservadora, em que a cada passo a burguesia sente, ameaçadora, a presença da revolução proletária. Assim, no Brasil, a revolução burguesa desdobrou-se por inúmeros episódios, que assinalavam avanços graduais. Alguns de seus marcos foram o fim da escravidão, em 1888, e do Império, em 1889, que foram comandados pela mesma aliança de classes que dominou a política brasileira desde a Independência, o conluio entre o capital mercantil ligado ao comércio externo e a oligarquia latifundiária. Entretanto, esses eventos significaram também, contraditoriamente, o primeiro estalo no domínio desses setores. O fim da escravidão sinalizou o trânsito para outro modo de produção, baseado na liberdade (teórica, ao menos) da mão-de-obra, e em sua remuneração parcialmente monetária. A República, por sua vez, significou a adoção, pela primeira vez no País, de um sistema jurídico claramente capitalista.
“Ao analisar a revolução burguesa no Brasil, deve-se levar em conta também a realidade mundial”.
As mudanças sinalizadas pela Abolição e pela República foram a expressão visível de mudanças profundas que ocorriam na sociedade brasileira desde a metade do século passado. Eles marcam os primeiros passos do modo de produção capitalista no País, nascido no ventre do escravismo que se decompunha, e caracterizam o período de transição entre os modos de produção escravista e capitalista. Outro marco, anos mais tarde, foi a revolução de 1930.
Explicação:
O novo pacto das elites proprietárias: Além de faltar dinheiro para o clientelismo, outro resultado da crise foi as pressões para que a aplicação de recursos públicos fosse reconsiderada. Passa-se a exigir que sejam usados de acordo com a lógica burguesa do lucro e da eficiência empresarial, em benefício da acumulação e reprodução do capital, e mesmo do esvaziamento de tensões sociais que podem ser explosivas. A imprensa conservadora de São Paulo passou a denunciar, com frequência, o mau uso de verbas orçamentárias destinadas aos estados nordestinos. O escândalo em torno desses números pode indicar uma mudança nas relações de classe entre a elite brasileira. Há sinais de que a burguesia industrial considera hoje muito caro o vínculo com a oligarquia agrária nordestina. Moreira Ferreira, da Fiesp, por exemplo, apóia os cortes orçamentários prometidos por Fernando Henrique Cardoso. Se o congresso não ajudar nos cortes, diz ele, “(…) teremos e caos porque o cobertor não dá para todos”. Emerson Kapaz, do PNBE, é mais explícito. “Acho que existe uma força fisiológica, cuja atuação impede o acerto do orçamento da União”. “Os recursos são escassos e é preciso gastar bem o dinheiro que está disponível. Temos prioridades, como investimentos na área social”. Em editorial, o jornal O Estado de S. Paulo, diz: “(…) a solução do problema do Nordeste” ocorrerá quando “o poder político das oligarquias regionais for enfrentado com decisão”, quando se tiver “coragem de enfrentar as forças políticas e sociais que têm contribuído para que a mentalidade dominante na região, não sabemos se pré ou anti capitalista, se espraie pelo Congresso, contamine a representação política como um todo”.