Dossiê H
Meados de março, na Estalagem Breves anotações sobre o papel do ouvido na poesia oral. As relações “olho-ouvido”. Majekrah (ponta de asa). Ao descrever o gesto antigo do majekrah, que até ilustraram com um desenho, os alemães expressaram a ideia de que talvez fosse ditado por uma necessidade fisiológica. Ponto final. Achamos que é preciso ir mais ao fundo. Quando lhe perguntamos que significado pode ter esse gesto, se se deve a algum rito antigo ou possui um sentido simbólico, o estalajadeiro nos deu uma resposta vaga que concorda mais ou menos com a explicação dos alemães. Aparentemente a necessidade que os rapsodos sentem de tapar uma orelha enquanto cantam está ligada à transformação de sua voz de peito em voz de cabeça e à necessidade de preservar seu equilíbrio contra a vertigem que acompanha o canto. O estalajadeiro: “Não podem imaginar até que ponto é difícil cantar canções de gesta. Antigamente eu mesmo tentei, sem sucesso. A cabeça da gente ressoa como se estivesse acontecendo uma avalanche. Quem não está acostumado pode perder a razão”. Sem dúvida a epopeia oral é essencialmente uma arte de ouvido. O olho, sem o qual não se conseguiría compreender o escritor hoje em dia, não desempenhava um papel primordial na época homérica. Quando muito podia se erigir em obstáculo. Não é à toa que se imagina Homero assim: desprovido da visão. Em geral os rapsodos têm a vista fraca. Pode-se jurar que devem sentir uma espécie de desprezo pelos olhos. Talvez até deixem os seus se deteriorarem de um modo que só eles conhecem? (Não dizem que Demócrito se cegou voluntariamente porque os olhos o impediam de mergulhar em suas reflexões?). (KADARÉ, Ismail. Dossiê H. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 117-118.)
1. Explique o título Dossiê H.
2. Que rito antigo auxiliou os rapsodos referidos no texto a preservar a epopeia real?
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1. Dossiê H porque o texto faz referência às narrativas orais épicas, que remetem a Homero.
2. Tapar uma orelha. Mas há também uma relação com o bloqueio de um outro sentido, o da visão. Sugere-se que a narração dos tais textos épicos ficaria prejudicada pelo sentido da visão, fazendo-se uma relação com a cegueira.
2. Tapar uma orelha. Mas há também uma relação com o bloqueio de um outro sentido, o da visão. Sugere-se que a narração dos tais textos épicos ficaria prejudicada pelo sentido da visão, fazendo-se uma relação com a cegueira.
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