História, perguntado por rosimarcarvalho2325, 5 meses atrás

diversidade religiosa no brasil e intolerancia religiosa

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Respondido por eusoulindodemais
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Alguns anos mais tarde, já na adolescência e também levado por questões familiares, passei a frequentar reuniões das Testemunhas de Jeová, outro grupo cristão em que os membros sofrem e praticam preconceito diariamente. E nem preciso dizer do preconceito que sofrem os espíritas, que também não estão isentos de atos do mesmo tipo. Foi só em 2012, ao entrar numa mesquita em Kuala Lumpur, na Malásia, que me dei conta não apenas das diferenças, mas de uma semelhança entre as diferentes fés mundiais: sofrer preconceito é um ponto comum, ainda mais se o grupo em questão é minoritário.

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Muçulmanos

Para tentar entender melhor esse assunto – que sempre me interessou -, conversei com o Professor Maurício de Aquino, da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), que é Doutor em “História e Sociedade” e pesquisador da História das Religiões. “Esses recentes atos de violência física e simbólica indicam que existem tensões das religiões entre si e delas com as filosofias não religiosas. O Brasil não é o campeão mundial da tolerância, como quer a grande mídia. Infelizmente, ele continua a ser o campeão mundial da desigualdade social, como apontou o historiador Eric Hobsbawm em seu clássico livro intitulado Era dos Extremos”, explicou ele.

Aquino cita também o sociólogo ZResposta:

A maioria das agressões – cerca de 70%, segundo a mesma pesquisa da PUC – são verbais, como as que Kaylane ouviu antes e depois de levar a pedrada. Mas agressões, ataques a símbolos religiosos e invasões de templos e locais sagrados não são incomuns. Em 2015, vários terreiros de candomblé foram invadidos e incendiados em Goiás. E no mesmo ano, no Rio de Janeiro, um homem invadiu um terreiro de umbanda e quebrou imagens e outros objetos sagrados.

Os exemplos são vários e a semelhança não é casual. Segundo dados da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro (CCIR), mais de 70% dos casos de intolerância religiosa no estado são contra praticantes de religiões de origem africana. Para pesquisadores, há duas razões parar explicar o fato. Uma delas é histórica, já que o racismo e o preconceito começaram no período colonial, com a escravidão. O que ocorre é que essas religiões, simplesmente por serem de origem africana e negra, viram alvo da discriminação.

O aumento da intolerância religiosa teve consequências práticas para os membros de religiões de origem africana, como a necessidade de aumentar o investimento de segurança em terreiros e templos e, claro, o medo. “A intolerância religiosa está para o Brasil assim como o racismo está para os Estados Unidos. Todo mundo acha que não existe, mas há exemplos gritantes de violência e todos lamentam, mas não fazem nada a respeito”, disse Pai Costa, dirigente umbandista do Centro Espírita Pai Benedito de Angola, em entrevista ao site da BBC Brasil.

Preconceito religioso é crime. A Lei n. 9.459, de 1997, pune crimes de “discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional” com penas de um a três anos de reclusão, além de multa. Mas o Professor Maurício de Aquino lembra que leis, sem reconhecimento e significado sociais, não mudam, por si mesmas, comportamentos. E mostra que o preconceito está presente em coisas que muitos considerariam pequenas, típicas do dia a dia.

“O preconceito baseado em opiniões e comportamentos religiosos, ou em filosofias de vida não religiosas, se manifesta na produção de estereótipos sobre as religiões e filosofias e sobre os seus seguidores. São criadas imagens preconceituosamente tipificadas da ‘beata católica’, do ‘carismático católico’, da ‘roupa de crente’, do ‘cabelo de crente’, do ‘padreco’, do ‘rato de sacristia’, do ‘pastor ladrão’, do ‘chuta que é macumba’, do ‘ateu imoral’, etc. Esses estereótipos se dissimulam e difundem nas piadas e conversas do dia a dia e em outras formas preconceituosas veladas e dissimuladas. Mas, também se evidenciam em atos de violência física e simbólica, em outras palavras, em atos de intolerância”, explica Aquino

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