Geografia, perguntado por luan13thomazini13, 11 meses atrás

Desindustrialização, instituições democráticas enfraquecidas, dependência econômica e cultural em relação aos centros hegemônicos, são características de alguns países que sofrem os impactos:Desindustrialização, instituições democráticas enfraquecidas, dependência econômica e cultural em relação aos centros hegemônicos, são características de alguns países que sofrem os impactos: PFV ME AJUDEM!!!

Soluções para a tarefa

Respondido por giovanafernandes69
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Resposta:  

Os fatores externos que induzem a desindustrialização estão relacionados ao grau de integração comercial e produtiva das economias, ou seja, com o estágio alcançado pelo assim clamado processo de "globalização". Nesse contexto, os diferentes países podem se especializar na produção de manufaturados (o caso da China e da Alemanha) ou na produção de serviços (Estados Unidos e Reino Unido). Além disso, alguns países podem se especializar na produção de manufaturados intensivos em trabalho qualificado, ao passo que outros podem se especializar na produção de manufaturados intensivos em trabalho não qualificado. Esse padrão de desenvolvimento gera uma redução do emprego industrial (em termos relativos) no primeiro grupo e um aumento do emprego industrial no segundo grupo.

Por fim, a relação entre a participação do emprego (e do valor adicionado) da indústria e a renda per capita pode ser afetada pela "doença holandesa" (Palma, 2005). Nesse contexto, a abundância de recursos naturais pode induzir a uma redução da participação da indústria no emprego e no valor adicionado por intermédio da apreciação cambial, a qual resulta em perda de competitividade da indústria e déficit comercial crescente da mesma. Em outras palavras, a desindustrialização causada pela "doença holandesa" está associada a déficits comerciais crescentes da indústria e superávits comerciais (crescentes) no setor não industrial.

A desindustrialização causada pela "doença holandesa" é também denominada de "desindustrialização precoce"; uma vez que a mesma se iniciaria a um nível de renda per capita inferior ao observado nos países desenvolvidos quando os mesmos iniciaram o seu processo de desindustrialização. Sendo assim, os países afetados pela "doença holandesa" iniciam o seu processo de desindustrialização sem terem alcançado o "ponto de maturidade" de suas respectivas estruturas industriais e, portanto, sem ter esgotado todas as possibilidades de desenvolvimento econômico que são permitidas pelo processo de industrialização

CONSEQUÊNCIAS DA DESINDUSTRIALIZAÇÃO

No contexto dos modelos neoclássicos de crescimento a ocorrência ou não do fenômeno da desindustrialização é irrelevante, haja vista o crescimento de longo-prazo é consequência apenas da "acumulação de fatores" e do "progresso tecnológico", sendo independente da composição setorial da produção. Para esses modelos, uma unidade de valor adicionado tem o mesmo significado para o crescimento de longo prazo seja ela gerada na indústria, na agricultura e no setor de serviços.

As diversas correntes do pensamento heterodoxo, contudo, consideram que o processo de crescimento econômico é setor-específico. Mais precisamente, os economistas heterodoxos acreditam que a indústria é o motor do crescimento de longo prazo das economias capitalistas (Thirwall, 2002; Tregenna, 2009), uma vez que:  

(i) Os efeitos de encadeamento para a frente e para trás na cadeia produtiva são mais fortes na indústria do que nos demais setores da economia.

(ii) A indústria é caracterizada pela presença de economias estáticas e dinâmicas de escala, de tal forma que a produtividade na indústria é uma função crescente da produção industrial. Esse fenômeno é conhecido na literatura econômica como "lei de Kaldor-Verdoorn"3.

(iii) A maior parte da mudança tecnológica ocorre na indústria. Além disso, boa parte do progresso tecnológico que ocorre no resto da economia é difundido a partir do setor manufatureiro.

(iv) A elasticidade renda das importações de manufaturas é maior do que a elasticidade renda das importações de commodities e produtos primários. Dessa forma, a "industrialização" é tida como necessária para aliviar a restrição de balanço de pagamentos ao crescimento de longo prazo4.

Em suma, a indústria é vista como "especial" pelo pensamento heterodoxo, pois ela é a fonte de retornos crescentes de escala (indispensável para a sustentação do crescimento no longo-prazo), é a fonte e/ou a principal difusora do progresso tecnológico e permite o relaxamento da restrição externa ao crescimento de longo-prazo.

Nesse contexto, a desindustrialização é um fenômeno que tem impacto negativo sobre o potencial de crescimento de longo-prazo, pois reduz a geração de retornos crescentes, diminui o ritmo de progresso técnico e aumenta a restrição externa ao crescimento.

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