Desereva sobre como era a educação na Rússia Socialista?
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Resposta:
Os revolucionários bolcheviques tinham total clareza do papel que a educação teria para a construção do socialismo. No plano educacional, eles tinham imediatamente um duplo desafio: superar o atraso relegado pelo antigo regime tzarista e educar as novas gerações para a nova sociedade que então se formava. Por isso, Lenin dizia que a educação tinha que estar relacionada com as tarefas da luta de classes, da construção do Estado operário e com o projeto comunista.
Para Lenin, as tarefas da educação eram impensáveis se afastadas das tarefas da política. O velho ponto de vista burguês que separava a instrução das tarefas políticas da luta de classes e da construção do socialismo deveria ser radicalmente abandonado.
Entretanto, não podemos pensar que a ligação da escola com a política se dá por ser a escola um lugar apenas para discursos políticos e politizadores acerca do comunismo. Para Lenin, não basta assimilar as máximas comunistas ou as conclusões da ciência comunista, e cometerá um erro crasso quem pensar que se pode ser um comunista sem haver assimilado os conhecimentos acumulados pela humanidade e dos quais o próprio comunismo é conse-quência.
No Estado operário, esse conhecimento acumulado pela humanidade não poderia se-guir sendo monopólio da classe dominante. E mais: para os objetivos da revolução não bas-tava apreender esse conhecimento da forma memorialista e adestradora como na escola bur-guesa. Assim, além da democratização do conhecimento e da universalização do acesso à escola, os comunistas defendiam que ele não poderia seguir simplesmente encerrado nas es-colas, permanecendo separado da vida agitada que corria na sociedade. Lenin dizia que “nosso trabalho no domínio escolar consiste em derrubar a burguesia, e declaramos aberta-mente que a escola fora da vida, fora da política é uma mentira e uma hipocrisia”. O conhe-cimento deveria se ligar profundamente com a vida plena que a revolução ambicionava construir.
Para isso, buscou-se apropriar do mais avançado que a escola burguesa produziu e fazê-la avançar para que pudesse cumprir as tarefas imediatas da revolução e das tarefas mediadas de construção do comunismo, construindo um novo sistema educativo: a Escola Única do Trabalho.
Já em 1917, ao elaborar o projeto de programa do partido bolchevique, Lenin formu-lou um ponto sobre a escola que dizia ser necessária uma “educação gratuita, obrigatória, geral e politécnica (que familiariza tanto na teoria como na prática com todos os principais ramos da produção) para todas as crianças de ambos os sexos até 16 anos, uma estreita liga-ção do ensino com o trabalho social produtivo das crianças”.
O governo revolucionário, ainda em outubro de 1917, constituiu um Comissariado do Povo para a Educação (Narkompros), que teve Lunacharsky como comissário e presença de Krupskaya, que assumiu como primeira vice-comissária e depois liderou a Seção Pedagógica da Comissão Científica Estatal, responsável pela criação dos currículos e dos programas escolares. A participação de duas figuras como Lunacharsky e Krupskaya, bem como a pronta criação do Comissariado, reforçam a centralidade que a educação ocupava no projeto da construção socialista.
Um ano depois, o Narkompros lançou um documento que declarava os “princípios da Escola Única do Trabalho” e dizia que “a reforma da escola, depois da Revolução de Ou-tubro, tem obviamente o caráter de um ato de luta das massas pelo conhecimento, pela edu-cação. O Comissariado da Educação deve, o mais rápido possível, destruir os privilégios de classe também nesse campo, que talvez seja o mais importante. A questão não está apenas em torná-la acessível para todos na forma como ela é, pois que assim como ela foi feita pelo regime passado, ela não serve às massas trabalhadoras. Trata-se de uma reconstrução radical no espírito de uma escola verdadeiramente popular” (Declaração sobre os Princípios Fun-damentais da Escola Única do Trabalho - 1918).
Esse novo sistema, a Escola Única do Trabalho, deveria se guiar pelo princípio de que “na base da vida escolar deve estar o trabalho produtivo, não como meio de pagamento dos gastos de manutenção das crianças e não só como método de ensino, mas especialmente como trabalho produtivo socialmente necessário”, fazendo da escola “uma comuna forte e organicamente ligada com os processos de trabalho, com a vida circundante” (Deliberação do Comitê Central de Toda a Rússia sobre a Escola Única do Trabalho - 1918).