Descreva as desigualdade espaciais na rede multimodal
Soluções para a tarefa
Em todo o mundo, a desigualdade espacial é um dos temas mais populares da geografia atual, além de atrair amplo espectro das Ciências Sociais interessadas no fenômeno espacial como a Economia Regional e a Sociologia Urbana (Gyuris, 2014, 2017). Tal interesse advém, em primeiro lugar, dos proeminentes desafios sociais das últimas décadas, os quais estão presentes nas mais diversas escalas geográficas — da diferença ainda marcante entre países do Norte e do Sul globais (vide Gyuris, 2018a, Solarz, 2014) às crescentes disparidades regionais em várias nações, além do incremento das desigualdades no interior dos espaços urbanos. Em segundo lugar, a crise global de 2008-2009 abriu caminho para a ampliação das críticas às políticas sócio-econômicas hegemônicas e aos seus fundamentos morais. Em terceiro, uma vez que a desigualdade está presente em todas as sociedades, ela se constitui em uma questão moral essencial sobre a qual cada sujeito detém alguma experiência e a partir da qual muitas pessoas estão, de fato, sofrendo. Esses fenômenos moldam realidades sociais ao redor de todo o mundo, mas são especialmente tangíveis em sociedades tradicionalmente marcadas por alto grau de desigualdade, bem como em países e regiões cujas condições de semi-periferia ou periferia devem-se às relações globais de poder. Efetivamente, de intelectuais a moradores de espaços urbanos empobrecidos, as populações da América do Sul têm uma longa experiência a respeito.
Os casos húngaros
Os artigos presentes nesse dossiê especial Processos e mudanças espaciais na Hungria resultam de um coletivo de intelectuais associados à Universidade Eötvös Loránd (ELTE, na sigla em inglês), nomeadamente ao Instituto de Geografia e Ciências da Terra em Budapeste e ao Departamento de Ciência Regional. Fundada em 1635, ELTE é a maior e mais antiga universidade húngara e uma das mais renomadas na Europa do Centro Leste. Ela acolheu o primeiro departamento de geografia da Hungria, criado em 1870 e desenvolvido desde então como um conglomerado de quatro departamentos. O antecessor do Departamento de Ciência Regional surgiu em 1952 como Departamento de Geografia Descritiva, renomeado dois anos depois como Departamento de Geografia Regional e cujo nome atual data de 2007. Desde o início consagrou-se a uma perspectiva geográfica mais ampla, limitando-se não somente à Hungria mas ao contexto internacional e, mesmo, global.
O coletivo de acadêmicos em tela também se dedicou a articular a pesquisa teórico-metodológica à tomada de decisão em vários domínios da administração pública e da economia, incluindo muitos institutos de pesquisa da Academia Húngara de Ciências (MTA, na sigla em húngaro), ministérios e o Escritório Central de Estatísticas da Hungria (KSH, na sigla em húngaro), além de uma gama de companhias privadas cujos funcionários são ex-alunos do Departamento. A maioria dos autores do presente dossiê pertence à Sociedade Húngara de Geografia e/ou à Associação Húngara de Ciência Regional, o que significa que suas investigações fornecem um pouco da imagem do trabalho científico produzido nos círculos acadêmicos húngaros.