História, perguntado por alicetorquato45, 11 meses atrás

Descreva a situação da Espanha económico e financeiro do século XX?

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Respondido por Usuário anônimo
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Resposta:

A crise econômica que irrompeu em 2007 varreu um estado de euforia geral atordoante para abrir caminho para uma depressão coletiva. Foi como voltar a tirar a poeira dos estereótipos ibéricos de pessimismo, do alarmismo e do derrotismo nacional, e mais ainda agora com o impasse político, que obriga a resgatar também ideias como o sectarismo e cainismo. Para evitar cair nessa inércia negativa, convém perguntar a quem observa diariamente com outros olhos, os correspondentes estrangeiros que vivem na Espanha. E a quem tem uma outra perspectiva mais ampla, sociólogos e historiadores.

"Não é que haja um pessimismo permanente, mas um exagero de cada momento: na época boa havia um triunfalismo transbordante, fora da realidade, e com a queda, uma autocrítica brutal, que os espanhóis fazem tudo errado, e não é verdade. É como ser bipolar, um pêndulo da euforia à depressão, e essas duas coisas não são boas", diz Giles Tremlett, do jornal britânico The Guardian. Vive há 24 anos na Espanha. A impressão de Hans-Günter Kellner, da rádio pública alemã Deutschlandfunk, é semelhante: "No boom econômico houve uma cegueira coletiva. Havia um grande abandono escolar, os operários de obras riam de mim porque ganhavam mais do que eu. Tudo era melhor do que em qualquer outro lugar, tinham uma arrogância com os estrangeiros. Agora é o contrário, é como se o país não tivesse salvação".

UM SENTIMENTO TRÁGICO DESDE O SÉCULO XVII

"O pessimismo espanhol não é uma ideia, é algo que se pode demonstrar com uma certa objetividade e tem profundas causas históricas", diz Rafael Núñez Florencio, historiador e filósofo que dedicou justamente a isso um livro abrangente, O Peso do Pessimismo. De 98 ao Desencanto. A origem estaria, afirma, em uma estreia deslumbrante da Espanha como Estado, depois de seu nascimento, que lhe converteu rapidamente em um grande império no século XVII. Depois, o resto de sua história tem sido decadência. "Toda a literatura do século de ouro é regozijo nessa tendência declinante do poder político, territorial e militar", afirma. Essa tem sido a interpretação do país dominante por parte das elites, culturais e políticas, desde Quevedo à geração de 98 e a Espanha invertebrada de Ortega. No final do século XIX, com a perda das colônias, se consuma uma série de perdas que nunca são derrotas, mas diretamente "desastres", um qualificativo extremo que se usa para descrever as batalhas na África do Barranco del Lobo e Annual. "Constrói-se uma maneira espanhola de olhar o mundo sempre com chave lacrimogênea, que representa esse ‘me dói Espanha', de Unamuno".

Núñez depois acrescenta outros fatores: a comparação com os países mais avançados da Europa, ignorando os vizinhos Portugal e Marrocos; a marginalização do contexto europeu por sua posição geográfica extrema; a forte influência do catolicismo mais severo com uma visão da vida como um vale de lágrimas; o rastro da sensibilidade barroca do sofrimento... Tudo isso alimenta uma autocrítica e um derrotismo quase congênitos. "É um pessimismo que nasce da desconfiança em nossa própria força, não é vital, existencial, como dos nórdicos. Nas piadas, com um de cada país, o espanhol sempre é o tolo". Por outro lado, se alterna com uma "tendência a uma percepção positiva impostada, isso de que somos os melhores, um pouco vazia, e quando se enfrenta a realidade a queda é mais difícil".


alicetorquato45: Obrigada
Usuário anônimo: de nada
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