[...] Dentro de três minutos a corrida iria começar. Contudo, nesse momento, John Merton sentia-se mais tranquilo, mais em paz do que durante o ano que se passara. O que quer que acontecesse quando o comodoro desse o sinal da partida, quer o Diana o levasse à vitória, quer à derrota, ele havia realizado a sua ambição. Após uma vida inteira passada a desenhar barcos para os outros, ia, finalmente, pilotar o seu.
– Há menos dois minutos – disse o rádio da cabina.
– Façam o favor de confirmar que estão prontos.
Um a um, os outros comandantes responderam. Merton reconheceu todas as vozes – umas tensas, outras calmas –, pois eram as vozes de seus amigos e rivais. Nos quatro mundos habitados, havia apenas vinte homens capazes de pilotar um iate solar; e todos se encontravam ali na linha de partida ou em barcos de escolta, em órbita, trinta e cinco mil quilômetros acima do Equador.
– Número 1, Gossamer, pronto para partir.
– Número 2, Santa Maria, tudo OK.
– Número 3, Sunbeam, OK.
– Número 4, Woomera, todos os sistemas em ordem.
Merton sorriu a este derradeiro eco dos primeiros tempos da Astronáutica. Mas isso fazia parte da tradição espacial, e havia ocasiões em que um homem precisava evocar as sombras daqueles que haviam partido antes dele para as estrelas.
– Número 5, Lebedev, estamos prontos.
– Número 6, Arachne, OK.
Agora chegara a sua vez, no fim do rol de chamada; era estranho pensar que as palavras pronunciadas por ele nesta minúscula cabina estavam sendo escutadas por cinco bilhões de pessoas, pelo menos.
– Número 7, Diana, pronto para partir.
– Recebidos de 1 a 7 — respondeu a voz impessoal na lancha do juiz.
– Há menos um minuto, agora. [...]
– Há menos dez segundos. Todas as câmaras registradoras ligadas.
Uma coisa tão enorme, e, contudo, tão delicada, era difícil de conceber; e mais difícil ainda imaginar que esse frágil espelho podia levá-lo para fora da Terra pela simples força da luz solar que captaria.
– ... cinco, quatro, três, dois, CORTAR!
Sete lâminas de faca atoraram os sete cabos finos que amarravam os iates às sete naus-mães que os tinham montado e que os assistiam. Até esse momento, todos tinham dado voltas à Terra em rígida formação, mas agora os iates começariam a dispersar-se, como sementes de paina levadas pela brisa. E o vencedor seria aquele que primeiro passasse pela Lua.
A bordo do Diana, nada parecia estar acontecendo. Merton, porém, não se deixava enganar pelas aparências. Embora o seu corpo não sentisse nenhum impulso, o painel de instrumentos lhe dizia que estava agora acelerando à razão de quase um milésimo de gravidade. Para um foguete, essa cifra teria sido ridícula, mas era a primeira vez que um iate solar a alcançava. O desenho do Diana era perfeito; a vasta vela não desmentia os seus cálculos. Com esse ritmo de aceleração, duas voltas à Terra bastariam para fazer subir a sua velocidade ao ponto de escape, e então poderia rumar para a Lua com toda a força do Sol a sustentá-lo.
[...]
Estava na hora, disse Merton a si mesmo, de fazer a primeira inspeção, enquanto não tinha problemas de navegação com que se preocupar. Com o auxílio do periscópio, examinou cuidadosamente a vela, concentrando-se nos pontos em que agarrava o cordame. Os tirantes – estreitas fitas de película plástica não prateada – teriam ficado completamente invisíveis se não tivessem sido pintados com tinta fluorescente. Nesse momento, eram fios tensos de luz colorida, alongando-se por centenas de metros até a vela gigantesca. Cada um tinha o seu molinete elétrico próprio, pouco maior do que um carretel de linha de pescar. Os pequenos molinetes trabalhavam constantemente, largando ou recolhendo fio, enquanto o piloto automático mantinha a vela mareada no ângulo correto em relação ao Sol.
[...]
Quando se convenceu de que tudo estava em perfeita ordem, fez girar o periscópio para o outro lado do céu, verificando de novo as posições dos seus rivais. Era como ele esperava: o processo de seleção tinha começado e os barcos menos eficientes iam caindo para a retaguarda. Mas o verdadeiro teste seria quando entrassem na sombra da Terra. Então a facilidade de manobra teria tanta importância quanto a velocidade.
1 - O texto recebeu o título "O vento solar" porque:
A
a radiação do Sol funcionava como o vento que impulsionava os iates solares.
B
a luz do Sol, além do vento ao redor da Terra, era o que movia as naves.
C
o vento era o principal combustível para gerar a aceleração dos veículos.
D
o brilho do Sol afetava as velas dos iates.
me ajudem plz
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Respondido por
1
Resposta:
C
o vento era o principal combustível para gerar a aceleração dos veículos.
Explicação:
confia
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