DEMONIOS
De repente acordo desta vertigem, como se voltasse de um pesadelo estonteado, com o sobressalto de quem, por uma briga de momento, se esquece do grande perigo que o espera. Dei um salto da cadeira; varri inquieto o olhar em derredor. Ao lado da minha mesa havia um monte de folhas de papel cobertas de tinta; as velas bruxuleavam a extinguir-se e o meu cinzeiro estava pejado de pontas de cigarro. Oh! Muitas horas deviam ter decorrido durante essa minha ausência, na qual o sono agora não fora cúmplice. Parecia-me impossível haver trabalhado tanto, sem dar o menor acordo do que se passava em torno de mim.
Corri à janela.
Meu Deus! O nascente continuava fechado e negro; a cidade deserta e muda. As estrelas tinham empalidecido ainda mais, e as luzes dos lampiões transpareciam apenas, através da espessura da noite, como sinistros olhos que me piscavam da treva. Meu Deus! Meu Deus, que teria acontecido?!... Acendi novas velas [...] Conchei a mão contra o ouvido e fiquei longo tempo a esperar inutilmente que do profundo e gelado silêncio lá de fora me viesse um sinal de vida.
Nada! Nada!
Atônito e ansioso volvi os olhos para o espaço. As estrelas, já sem contornos derramavam-se na tinta negra do céu, como indecisas nódoas luminosas que fugiam
lentamente.
Meu Deus! Meu Deus, que iria acontecer ainda? Voltei ao quarto e consultei o relógio. Marcava dez horas.
Oh! Pois já dez horas se tinham passado depois que eu abrira os olhos?... Por qu então não amanhecera em todo esse tempo!... Teria eu enlouquecido?... Já trêmulo, apanhei do chão as folhas de papel, uma por uma; eram muitas, muitas! por melhor esforço que fizesse, não conseguia lembrar-me do que eu próprio nel
escrevera.
Apalpei as fontes; latejavam. Passei as mãos pelos olhos, depois consultei o coraçã
batia forte.
Abri todas as janelas do quarto, em seguida a porta, e chamei pelo criado. Mas minha voz, apesar do esforço que fiz para gritar, sala frouxa e abafada, qua
indistinguivel.
Ninguém me respondeu, nem mesmo o eco.
Meu Deus! Meu Deus!
[...]
E o céu era cada vez mais negro, e as estrelas cada vez mais apagadas, co derradeiros e tristes lampejos de uma pobre natureza que morre!
Meu Deus! Meu Deus! O que seria? Enchi-me de coragem; tomei uma das velas e, com mil precauções para impedir que
ela se apagasse, desci o primeiro lance de escadas. A casa tinha muitos cômodos e poucos desocupados. Eu conhecia quase todos os hospedes. [...] E corri aos quartos, e já sem bater fui arrombando as portas que encontrei fechadas. A
luz da minha vela, cada vez mais lívida, parecia, como eu, tiritar de medo.
Oh! Que terrivel momento! Que terrivel momentol Era como se em torno de mim o
Nada insondável e tenebroso escancarasse, para devorar-me, a sua enorme boca viscosa e sofrega. Por todas aquelas camas, que eu percorria como um louco, so tateava corpos enregelados e hirtos. Não encontrava ninguém com vida; ninguém! Era a morte geral! A morte completa!
Uma tragédia silenciosa e terrivel, com um único espectador, que era eu. [...]
Percorri os outros andares da casa: Sempre o mesmo abominável espetáculo!
Não havia mais ninguém! Não havia mais ninguém! Tinham todos desertado em
massa!
1-Copie do texto dois trechos em que fique evidente a presença de elementos
fantásticos.
Me ajudem nessa por favor
Soluções para a tarefa
Respondido por
0
pega e responde voce nao e burra
oliverarayane69:
nossa se fosse para responder isso não perguntava
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