Português, perguntado por gabigabi9124, 9 meses atrás

de sua opinião sobre beleza e justifique essa opinião .​

Soluções para a tarefa

Respondido por Aurora72
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Resposta:

“O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre

iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando.” A citação é de

João Guimarães Rosa, ícone da literatura modernista brasileira. À primeira vista, temos

que Rosa, também médico, avalizava a iniciativa de um sem número de homens e

mulheres que engrossam as filas de clínicas de estética, verdadeiras oficinas de funilaria

e pintura do corpo humano. Ledo engano. Rosa, humanista que era, a todo ver, não

falava da transformação do corpo, não prescrevia cremes, bandagens, fornos e plásticas.

Falava, mesmo, de uma mudança imaterial. Mas a confusão aqui levantada é apenas

retórica, vez que a literatura de Rosa jamais estará à disposição nas salas de espera de

tais clínicas.

A indústria da beleza está em ascensão. Produto final: autoestima. No mesmo

pacote: glamour, pau de selfie, concurso de misses. Tudo de acordo com a demanda

sugerida pelas telenovelas, notadamente quando têm como pano de fundo a praia, os

coqueiros, o carrinho de sorvete – e então garotas-de-ipanema multiplicam-se ao sabor

do hidrogel.

É inegável que tenhamos apreço pelo espelho. É inegável que haja homens e

mulheres uns mais bonitos que os outros. É inegável que o lobo-mau seja feio e a

cinderela, bonita. Mas é preciso que, em algum instante do dia, encostemos o espelho

para admitir a efemeridade em desfavor da artificialidade. Isso equivale a dizermos que o

calendário, contumaz e impiedoso, decreta uma data de validade a todo rosto, a todo

corpo, a despeito de quaisquer intervenções estéticas. O tempo passa muito rapidamente,

levando consigo acertos e erros, jovens e velhos, bonitos e feios.

Longe de essa discussão pretender encabeçar uma pregação piegas ou decretar a

falência da indústria da beleza. Porém é preciso considerarmos que, segundo vozes

autorizadas, não há mais lugar para os padrões clássicos de beleza, pois o que temos

hoje como “belo” é o casual, o moderno e o sadio – moedas inconstantes, falíveis e,

sobretudo, perecíveis. Ainda que busquemos um padrão, por meio do qual fiquem

estabelecidos nariz fino, cabelos lisos, 50 quilos e 60cm de cintura, com a licença de

Rosa, as pessoas não são todas iguais. É preciso que nos lembremos: somos de carne e

osso; o hidrogel não corre nas nossas veias.

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