de sua opinião sobre beleza e justifique essa opinião .
Soluções para a tarefa
Resposta:
“O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre
iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando.” A citação é de
João Guimarães Rosa, ícone da literatura modernista brasileira. À primeira vista, temos
que Rosa, também médico, avalizava a iniciativa de um sem número de homens e
mulheres que engrossam as filas de clínicas de estética, verdadeiras oficinas de funilaria
e pintura do corpo humano. Ledo engano. Rosa, humanista que era, a todo ver, não
falava da transformação do corpo, não prescrevia cremes, bandagens, fornos e plásticas.
Falava, mesmo, de uma mudança imaterial. Mas a confusão aqui levantada é apenas
retórica, vez que a literatura de Rosa jamais estará à disposição nas salas de espera de
tais clínicas.
A indústria da beleza está em ascensão. Produto final: autoestima. No mesmo
pacote: glamour, pau de selfie, concurso de misses. Tudo de acordo com a demanda
sugerida pelas telenovelas, notadamente quando têm como pano de fundo a praia, os
coqueiros, o carrinho de sorvete – e então garotas-de-ipanema multiplicam-se ao sabor
do hidrogel.
É inegável que tenhamos apreço pelo espelho. É inegável que haja homens e
mulheres uns mais bonitos que os outros. É inegável que o lobo-mau seja feio e a
cinderela, bonita. Mas é preciso que, em algum instante do dia, encostemos o espelho
para admitir a efemeridade em desfavor da artificialidade. Isso equivale a dizermos que o
calendário, contumaz e impiedoso, decreta uma data de validade a todo rosto, a todo
corpo, a despeito de quaisquer intervenções estéticas. O tempo passa muito rapidamente,
levando consigo acertos e erros, jovens e velhos, bonitos e feios.
Longe de essa discussão pretender encabeçar uma pregação piegas ou decretar a
falência da indústria da beleza. Porém é preciso considerarmos que, segundo vozes
autorizadas, não há mais lugar para os padrões clássicos de beleza, pois o que temos
hoje como “belo” é o casual, o moderno e o sadio – moedas inconstantes, falíveis e,
sobretudo, perecíveis. Ainda que busquemos um padrão, por meio do qual fiquem
estabelecidos nariz fino, cabelos lisos, 50 quilos e 60cm de cintura, com a licença de
Rosa, as pessoas não são todas iguais. É preciso que nos lembremos: somos de carne e
osso; o hidrogel não corre nas nossas veias.