“De repente chegou o dia dos meus setenta anos.
Fiquei entre surpresa e divertida, setenta, eu? Mas tudo parece ter sido ontem! No
século em que a maioria quer ter vinte anos (trinta a gente ainda aguenta), eu estava
fazendo setenta. Pior: duvidando disso, pois ainda escutava em mim as risadas da
menina que queria correr nas lajes do pátio quando chovia, que pescava lambaris com o
pai no laguinho, que chorava em filme do Gordo e Magro, quando a mãe a levava à
matinê. (Eu chorava alto com pena dos dois, a mãe ficava furiosa.)
A menina que levava castigo na escola porque ria fora de hora, porque se distraía
olhando o céu e nuvens pela janela em lugar de prestar atenção, porque devagarinho
empurrava o estojo de lápis até a beira da mesa, e deixava cair com estrondo sabendo
que os meninos, mais que as meninas, se botariam de quatro catando lápis, canetas,
borracha – as tediosas regras de ordem e quietude seriam rompidas mais uma vez. Fazendo a toda hora perguntas loucas, ela aborrecia os professores e divertia a turma:
apenas porque não queria ser diferente, queria ser amada, queria ser natural, não queria
que soubessem que ela, doze anos, além de histórias em quadrinhos e novelinhas
açucaradas, lia teatro grego – sem entender – e achava emocionante.
(E até do futuro namorado, aos quinze anos, esconderia isso.)
O meu aniversário: primeiro pensei numa grande celebração, eu que sou avessa a
badalações e gosto de grupos bem pequenos. Mas pensei, setenta vale a pena! Afinal já
é bastante tempo! Logo me dei conta de que hoje setenta é quase banal, muita gente
com oitenta ainda está ativo e presente.
Decidi apenas reunir filhos e amigos mais chegados (tarefa difícil, escolher), e deixar
aquela festona para outra década.”
LUFT, 2014, p.104-105
Leia atentamente a oração destacada no período a seguir:
“(...) pois ainda escutava em mim as risadas da menina que queria correr nas lajes do
pátio (...)”
Assinale a alternativa em que a oração em negrito e sublinhada apresenta a mesma
classificação sintática da destacada acima.
a) “A menina que levava castigo na escola porque ria fora de hora (...)”
b) “(...) e deixava cair com estrondo sabendo que os meninos, mais que as meninas, se
botariam de quatro catando lápis, canetas, borracha (...)”
c) “(...) não queria que soubessem que ela (...)”
d) “Logo me dei conta de que hoje setenta é quase banal (...)"
Soluções para a tarefa
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Resposta:
letra A
Explicação:
Alternativa a: “A menina que levava castigo na escola porque ria fora de hora (...)”
As duas orações são classificadas como oração subordinada adjetiva restritiva. Isso porque ambas exercem a função de adjetivo do termo antecedente - "menina" e delimitam o seu significado, ou seja, não é qualquer menina, mas a que queria correr nas lajes e a que leva castigo.
Na primeira oração, "que queria correr", poderia ser substituída pelo adjetivo "corredora". Na segunda oração, "que levava castigo", poderia ser substituída pelo adjetivo "castigada".
Respondido por
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a resposta de cima ta certa viu
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