De que maneira a noção de Utopia como algo irrealizável pode encorajar o conformismo?
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Explicação:
Ao longo da história da humanidade, o conceito de utopia, foi compreendido de diferentes maneiras, em que pese, originalmente, a palavra provenha do grego ou-topos que designa um “não lugar” ou “lugar nenhum”, atualmente, ao pensarmos nesse vocábulo, a primeira coisa que nos vem em mente é algo irrealizável, inatingível.
Sim, as palavras caminham. Nesse sentido, embora tenha sido o escritor inglês Thomas Morus quem mais contribuiu para a difusão do termo ao usá-lo, em sua obra mais famosa, para nominar uma sociedade imaginária ideal, inatingível, sem diferenças, inegavelmente é de Eduardo Galeano uma das definições mais aceitas e difundidas da noção contemporânea de utopia.
Foi na sua obra “As Palavras Andantes”, que o famoso e saudoso escritor uruguaio, conhecedor como poucos da relação entre as palavras e o caminho, definiu o não-lugar da etimologia da palavra utopia: “está no horizonte. Aproximo-me dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar”.
Sim. Na visão otimista de Eduardo Galeano a utopia, o sonho, serve para isso, para nos mover adiante, pois, tudo o que um sonho precisa para se tornar realidade é alguém que creia que ele possa ser realizado. Afinal, somos dotados de inesgotável ímpeto criador que nos permite, permanentemente, criar e recriar a realidade e a nós mesmos, num dos sentidos mais importantes do estar no mundo, pois, como nos ensina João Baptista Herkenhoff, em sua obra Direito e Utopia, ao contrário do mitológico, o utópico “é a representação daquilo que não existe ainda, mas que poderá existir se o homem lutar para sua concretização.”