Filosofia, perguntado por lfcmoliterno, 9 meses atrás

De que maneira a ideologia neoliberalista impacta a educação? Qual deve ser a posição do professor frente a essa ideologia?

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Respondido por Anaclaraescolar
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Resposta:

É importante ressaltar que o neoliberalismo se constitui como uma ideologia, uma corrente de pensamento e um modo diverso de ver o mundo social. Tem como pai intelectual o austríaco Ludwig von Mises, mas coube a Friedrich von Hayek a incumbência de liderar e ser o patrono da causa neoliberal. Desse modo, a obra O caminho da servidão de 1944 pode ser classificado como o manifesto inaugural do movimento neoliberal. “Nos anos seguintes, Hayek empenhar-se-ia na organização de uma “internacional dos neoliberais”, a Sociedade do Mont Pèlerin, fundada na cidade do mesmo nome (na Suíça) numa conferência realizada em 1947” (MORAES, 2001, p. 13).

Com o amadurecimento das ideias e ganhando a cada dia novos seguidores, em 1980, esse novo ideário ganhou força e promoveu uma fragmentação das políticas estatais protecionistas, com o favorecimento do livre comércio, das finanças e do trabalho. Atrelado a este processo, promoveu-se uma série de privatizações de serviços públicos que até este momento eram executados pelo Estado. Com isso, o Estado se reestruturou em três principais objetivos, a saber: “servir aos interesses dos negócios; remodelar as suas operações internas com base nos negócios; e reduzir a exposição do governo à pressão política do eleitorado” (VIZZOTTO; CORCETTI; PIEROZAN, 2017, p. 546), surgindo uma Nova Gestão Pública[1].

Atrelado ao neoliberalismo e à Nova Gestão Pública, o Estado é compreendido como o culpado pela crise nas mais diversas frentes já que, por um lado, gastou mais do que arrecadou para atender as demandas sociais e, por outro lado, ao regular a economia, comprometeu o livre mercado (PERONI, 2015). Ainda, de acordo com a autora, a implementação de políticas sociais é tida como verdadeiro ataque a propriedade privada, uma vez que promove a redistribuição da riqueza socialmente produzida.

Como uma forma de combater esse Estado gastador, ineficaz e ineficiente, uma das ferramentas da política neoliberal foi a promoção e a consolidação do terceiro setor no pensamento de Anthony Giddens, por meio de organizações não-governamentais, com o objetivo de promover a crença da transformação social e de uma oposição ao aparelho estatal, mas que ao mesmo tempo surgisse em seu interior: a sociedade civil. “O período em que o Estado neoliberal se tornou hegemônico também tem sido o período em que o conceito de sociedade civil – com frequência tomado como entidade de oposição ao poder do Estado – se tornou central para a formulação da política oposicionista” (HARVEY, 2008, p. 88).

As fronteiras existentes entre o público e o privado tem-se modificado ao longo dos anos, alavancados principalmente pela crise do capitalismo e a propagação da ideia de que a crise está no Estado e em seu aparelho (PERONI, 2015). Portanto, o culpado pela crise econômica, social e política é o Estado e a única saída possível para a sua superação seria a privatização dos serviços públicos até então submetidos as políticas sociais, dentro do leque da proteção social. E uma dessas frentes de privatização encontrou no conceito de Seguridade Social ampliada, especialmente na educação o seu foco: “Quando falamos sobre a mercantilização na educação e nos recusamos a considerar o maior teórico das formas de mercadoria – Karl Marx – ou seus seguidores, metaforicamente, ‘queimamos nossas pontes’ para efeito de compreendermos a educação e, mais amplamente, a realidade social na sociedade contemporânea! Nós nos separamos das ideias que podem nos ajudar a criticar e ir além da mercantilização educacional. Ao desconsideramos esses aportes, também somos obrigados a confundir e deturpar o que está acontecendo” (RIKOWSKI, 2018, p. 273).

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