de que forma os residuos e objetos eram descartados nas cidades medievais
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Resposta:
o longo da história, foram construídas diferentes percepções sobre o lixo, ou melhor, sobre os resíduos produzidos pelo homem. Desde a perspectiva religiosa na Idade Média, em que os resíduos eram associados à doença e ao pecado, até uma visão mais ecológica nos nossos dias, o lixo ajuda a contar a história das civilizações. O tema é abordado em um artigo da doutora em saúde pública Marta Pimenta Velloso, professora da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp) da Fiocruz. O trabalho será publicado na revista Ciência & Saúde Coletiva, da Associação Brasileira de Pós-graduação em Saúde Coletiva (Abrasco). A pesquisadora também acompanhou profissionais que trabalham com o lixo para saber como lidam com o assunto e como a sociedade percebe esse tipo de trabalho.

Trabalho do artistia plástico Farnese Andrade, cuja matéria-prima foi retirada do lixo
Integrante do Grupo de Direitos Humanos e Saúde Helena Besserman (GDIHS) da Ensp, Marta consultou livros do século 16 da seção de obras raras da biblioteca da Universidade de Coimbra, em Portugal. Os livros falavam sobre a peste negra do século 14. A partir dessas e de outras leituras, a pesquisadora identificou quatro fases na história da percepção sobre o lixo – definido como tudo aquilo que se joga fora, que não presta, resultante de atividades domésticas, comerciais, industriais e hospitalares.
A primeira fase é a Idade Média, quando a idéia de lixo remetia, sobretudo, aos resíduos eliminados pelo organismo, como fezes, urina, pus e o próprio corpo em decomposição. As secreções dos indivíduos doentes eram especialmente temidas. "As pessoas ligavam a doença ao contato com os enfermos. Estes, muitas vezes, considerados alvos de um castigo divino", explica Marta.
Assim, os resíduos – associados à impureza e ao sofrimento físico e mental – eram representados como uma ameaça ao homem, principalmente devido ao surgimento de grandes epidemias no continente europeu, com alto índice de mortalidade. A palavra peste nem sempre se referia à peste negra, pois havia outras doenças epidêmicas, como gripe, tifo, cólera e varíola.