de que forma o currículo foi se constituindo ao longo da história da humanidade
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É importante ressaltar que em qualquer conceituação de currículo, este sempre está
comprometido com algum tipo de poder, pois não existe neutralidade no currículo, ele é o veículo
de ideologia, da filosofia e da intencionalidade educacional. Para Sacristán (2000)
O currículo é uma práxis antes que um objeto estático emanado de um modelo coerente de
pensar a educação ou as aprendizagens necessárias das crianças e dos jovens, que tampouco
se esgota na parte explicita do projeto de socialização cultural nas escolas. É uma prática,
expressão, da função socializadora e cultural que determinada instituição tem, que reagrupa
em torno dele uma série de subsistemas ou práticas diversas, entre as quais se encontra a
prática pedagógica desenvolvida em instituições escolares que comumente chamamos de
ensino. O currículo é uma prática na qual se estabelece diálogo, por assim dizer, entre
agentes sociais, elementos técnicos, alunos que reagem frente a ele, professores que o
modelam. (p.15-16)
É justamente na construção ou na elaboração dos modelos e das propostas curriculares, que
se define que tipo de sociedade e de cidadão se quer construir, o que a escola faz para quem faz ou
deixa de fazer. É também na construção ou definição das propostas, que são selecionados
conteúdos, que vão ajudar as pessoas, a entenderem melhor a sua história e a compreenderem o
mundo que as cercam. No entanto, tais planos ou propostas são formulados, de forma muito pré-
estabelecida, e não consideram, qualquer perspectiva de contextualização, desconsiderando os
saberes locais e não científicos. Para Martins (2004):
No currículo descontextualizado não importa se há saberes; se há dores e delícias; se há
alegrias e belezas. A educação que continua sendo “enviada” por esta narrativa
hegemônica, se esconde por traz de uma desculpa de universalidade dos conhecimentos
que professa, e sequer pergunta a si própria sobre seus próprios enunciados, sobre seus
próprios termos, sobre porque tais palavras e não outras, porque tais conceitos e não
outros, porque tais autores, tais obras e não outras. Esta narrativa não se pergunta sobre os
próprios preconceitos que distribui como sendo seus “universais”. Desde aí o que se
pretende é, portanto, colocar em questão estes universais. O que está por traz da idéia de
“Educação para a convivência com o Semi-Árido” é, antes de qualquer coisa a defesa de
uma contextualização da educação, do ensino, das metodologias, dos processos. (p.31-32).
Queremos discutir currículo, partindo do entendimento deste, como tempo/espaço escolar,
estruturados como um repertório para o percurso educativo; percurso construído pelas
experiências, atividades, conteúdos, métodos, forma e meios empregados para cumprir os “fins da
educação”, fins que são definidos (implícita ou explicitamente) pelos interesses dos grupos
hegemônicos. Contudo, neste mesmo espaço pensado para controlar, as pessoas envolvidas no
processo (professores, alunos, comunidade), por vezes, vão forçando a inclusão dos seus interesses,
aspectos de sua cultura, o que possibilita um embate político-pedagógico.
Neste sentido, entendemos o currículo como campo político-pedagógico no qual as diversas
relações - entre os sujeitos, conhecimento e realidade -constroem novos saberes e reconstroem-se a
partir dos saberes produzidos. Neste processo dinâmico e dialético, a realidade é o chão sobre o qual
o educador e educando constroem seus processos de aprendizagens. A realidade não é um elemento
externo à prática educativa, mas um elemento constituinte ao processo pedagógico. São as
condições objetivas e subjetivas de sobrevivência, convivência e transcendência que mediam,
orientam e constituem-se em experiências e conhecimentos a serem desvendados, apreendidos,
assimilados, ensinados e re-elaborados. Entendemos então, que o currículo, como componente
pedagógico significativo, deve ser elaborado e implementado a partir das necessidades concretas,
que a realidade (social, econômica, política e cultural) propõe como desafios e necessidades
históricas (situadas num determinado tempo e lugar). A contextualização deixa de ser um adjetivo
do currículo e passa a ser um substantivo. Currículo e Contextualização são dois elementos tão
imbricadamente associados, que o entendimento de um, leva ao aprofundamento do outro e vice-
versa
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