de que forma é produzido o soro anticrotálico e qual é a sua função?
Soluções para a tarefa
O soro anticrotálico é uma solução de imunoglobulinas específicas purificadas, obtidas de soro de eqüinos hiperimunizados, com venenos de serpentes do gênero Crotalus.
Fórmula:
Uma ampola de 10 ml contém: imunoglobulinas de origem eqüina que neutralizam, no mínimo, 15 mg de veneno-referência de Crotalus durissus terrifus (soroneutralização em camundongos).
Indicações:
Para o tratamento de envenenamento provocado pelas picadas de serpentes do gênero Crotalus (cascavel). A sua utilização se impõe, mesmo quando são esperadas reações adversas, com os cuidados recomendados para tais eventualidades.
Nota:
NÃO É INDICADO nos acidentes causados por jararaca, jararacuçu, urutu, cotiara, coral ou surucucu.
Caracterização dos acidentes crotálicos:
Cerca de 10% dos acidentes ofídicos ocorridos no Brasil são causados por serpentes do gênero Crotalus. As manifestações no local da picada, quando presentes, são discretas e caracterizam-se por edema leve e parestesia. As manifestações sistêmicas do envenenamento caracterizando-se por:
queda das pálpebras (ptose palpebral) e paralisia da musculatura facial (fácies neurotóxico ou miastênico);
distúrbios oculares, como: turvação visual, visão dupla (diplopia), alteração do diâmetro pupilar (midríase ou miose), fotobia, dificuldade de movimentação do globo ocular (oftalmoplegia);
paralisia dos músculos respiratórios, que pode evolui para insuficiência respiratória;
dores musculares generalizadas;
escurecimento da urina (mioglobinúria), que pode evoluir para insuficiência renal aguda (IRA);
sangramentos espontâneos (gengivas, pele) e alteração da coagulação sangüínea.
Tratamento:
Aplicar o soro específico, em doses adequadas, o mais precocemente possível.
Dose e via de administração:
Caso Moderado: 10 ampolas I.V.
Caso Grave: 20 ampolas I.V.
Facies miastânico/visão turva discreta ou evidente
Tempo de coagulação geralmente normal
Mialgia discreta ou ausente oligúria ou anúria ausente
Facies miastênico/visão turva evidente
tempo de coagulação normal ou alterado
Mialgia presente
Escurecimento da urina presente (vermelha, marrom) oligúria ou anúria presente
A aplicação do soro por via intravenosa (I.V.) proporciona melhores resultados em tempo mais curto. No entanto, na impossibilidade de ser utilizada esta via, o soro pode ser administrado por via subcutânea. A necessidade da administração de doses adicionais, relativas àquelas recomendadas inicialmente, deve ser avaliada de acordo com o quadro clínico e pelo Tempo de Coagulação (TC).
Observação:
A soroterapia deve ser efetuada sob supervisão médica, em ambiente hospitalar, preparado para uma eventual ocorrência de reações anafiláticas. No entanto, na impossibilidade, após o tratamento de emergência, específico ou não, encaminhar o paciente ao serviço de saúde mais próximo.
ADULTOS E CRIANÇAS RECEBEM A MESMA DOSE DE SORO
Recomendações gerais:
Manter o pacientes hidratado (fundamental na prevenção da insuficiência renal);
Não usar garrotes ou torniquetes;
Não aplicar substâncias (querosene, amoníaco, etc.) no local da picada;
Não administrar bebidas alcoólicas;
Manter o paciente em repouso, evitando caminhar.
Recomendações especiais:
Uma vez estabelecida a insuficiência renal aguda (IRA), o tratamento segue o mesmo princípio das demais formas de IRA. Devido ao hipercatabolismo, deve ser considerada a necessidade de instalação precoce de métodos dialíticos.
Reações adversas à soroterapia:
Reações precoce: são de freqüência variável e ocorrem dentro das primeiras 24 horas após a administração do soro. São de caráter anafilático ou anafilactóide, podem ser graves e necessitam de cuidados médicos adequados e imediatos. Estas reações ocorrem com mais freqüência entre pacientes anteriormente tratados com soros de origem eqüina ou que já tiveram contato com equídeos.
Prevenção das reações:
Solicitar informações do paciente quanto ao uso anterior de soro eqüino (antidiftérico, antiofidico, anti-rábico, antitetânico) e quanto a problemas alérgicos de naturezas diversas. Face a afirmações positivas, considerar o potencial de reações adversas para esse paciente.
Administrar anti-histamínicos com 15 minutos de antecedência da aplicação de soro na dose recomendada.