De que forma a mestiça gem contribui para a formação da cultura brasileira?
Soluções para a tarefa
É fácil perceber, na cultura brasileira, o encontro entre a poesia e o samba. Mais difícil é reconhecer o encontro do negro com as formas culturais ditas eruditas, como a literatura, a música clássica e as artes plásticas. É que o samba é um fenômeno recente, que se mede por décadas, enquanto a presença do negro em nossa história cultural se mede com a escala dos séculos. O samba nasceu às vésperas do movimento modernista, no início do século XX, nas preliminares da urbanização e da industrialização do Brasil, dos nossos esforços, algumas vezes frustrados, de democratização do país (1). O samba já nasceu misturado, tão bonito em Ismael Silva quanto em Noel Rosa, produto de um povo mestiço que, pela primeira vez, começa a reconhecer-se na história. O samba nasceu quase ao mesmo tempo em que o povo brasileiro emergia para a história política.
A presença do negro em formas culturais como a literatura, a música erudita e as artes plásticas vem de muito antes. Vem dos primeiros séculos da colonização, de um Brasil do qual se dizia que era “um país sem povo”. Estávamos imersos na ignomínia da escravidão, da qual sobraram feridas que não pudemos curar inteiramente. Uma das heranças desse passado se revela em um certo desconforto, quando começamos a discutir a presença do negro e de seus descendentes na cultura.