De que forma a fotografia foi um linguagem importante para as transformações da arte do final do século XIX e início do XX?
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A fotografia começou a se popularizar em meados do século XIX, o que gerou uma transformação no comportamento em relação a esse meio de expressão. Entre 1840 e 1850, as técnicas começaram a ser aprimoradas, trazendo uma série de experimentos e avanços estéticos. Nesse cenário, a ideia de que uma fotografia poderia ser considerada arte e que fotógrafos poderiam ser artistas – aqueles vindos de classes sociais mais baixas, principalmente – parecia absurda para alguns. Boudelaire, o conhecido pensador francês, chegou a declarar que a fotografia era “o inimigo mais mortífero da arte”. Outros críticos, como o inglês John Ruskin, acreditavam que a fotografia não tinha nenhuma relação com a arte e que jamais iria substituí-la. Esse pensamento reduzia a fotografia ao simples funcionamento do seu dispositivo técnico que, simplesmente, usava a luz para registrar partes da realidade. Foi aí que surgiu o conceito de fotografia-documento: uma cópia mecânica do real que substituia o pincel do artista. Até então, as perspectivas renascentistas estavam presentes em imagens geométricas.
Algumas figuras destacaram-se por rejeitar essa visão severa, e começaram a considerar a fotografia como uma forma de criar complexas misturas de imaginação e realidade. Julia Margaret Cameron (1815-1879) é um exemplo disso. A fotógrafa começou a sua carreira aos 48 anos de idade, e criou uma obra extensa com propósitos puramente estéticos. Ela utilizada fantasias, objetos cênicos e foco diferencial , criava retratos com bordas desfocadas e tons quentes, realizou estudos inspirados em temas bíblicos, literários e alegóricos. Seu trabalho era tão ousada que ela foi rotulada pela própria comunidade fotográfica como uma excêntrica incapaz de utilizar uma câmera corretamente.
A recusa da fotografia como arte era tão enraizada que a organização da Exposição Internacional de Londres de 1862 recusou-se a exibir fotografias na mesma sala dedicada às obras de arte, expondo-as na seção de equipamentos mecânicos.
Foi somente com o surgimento do movimento pictorialista, na década de 1890, que o papel subjetivo da fotografia começa a ganhar espaço reconhecido. O pictorialismo começou na França, na Inglaterra e nos Estados Unidos, e reuniu fotógrafos com o objetivo de produzir aquilo que chamavam de fotografia artística. Os simpatizantes passaram a dar às suas fotos um aspecto de pintura no esforço de terem suas obras vistas como arte.