de acordo com o historiador Max hastings O que explica a fulminante Vitória alemã sobre os franceses.
Soluções para a tarefa
O historiador Max Hastings (Londres, 1945), um dos grandes especialistas na Segunda Guerra Mundial, visita pela primeira vez as trincheiras e a frente de batalha da Grande Guerra em seu livro Catastrophe 1914: Europe Goes to War [“Catástrofe 1914: a Europa vai à guerra”, inédito no Brasil].
Trata-se de uma obra muito mais militar e com menos sutilezas do que o livro de Margaret MacMillan, mas com a habitual carga de malícia, inteligência, senso de humor e conhecimento do meio bélico que caracteriza o autor. Ao contrário do que faz sua colega, no ensaio de Hastings as balas logo começam a zunir, e muito.
Cabe destacar o inovador relato da brutal invasão da Sérvia pelo exército austro-húngaro – Hastings salienta que os sérvios foram proporcionalmente os que mais baixas sofreram na luta – e a descrição das tremendas falhas e limitações dos generais de ambos os lados (sobre John French, comandante da Força Expedicionária Britânica, o autor diz sem rodeios que era “estúpido a não mais poder”).
Também chama a atenção a afirmação de que o célebre plano Schlieffen, que supostamente daria uma rápida vitória à Alemanha, era “fantasioso” e não poderia funcionar de maneira nenhuma em um mundo no qual havia ocorrido uma revolução no poder destrutivo das armas, mas onde as tecnologias de transporte e comunicação ainda estavam muito atrasadas. De fato, esse paradoxo, salienta o autor, é o que transformou a I Guerra Mundial em um inferno estático de barro e trincheiras.
Como é habitual em seu trabalho, Max Hastings se mostra genial na descrição da experiência do combate e na seleção de testemunhos e relatos. Uma das características essenciais (e surpreendentes) da sua visão sobre a Grande Guerra é que ele não acredita que o conflito pertença a uma ordem moral diferente da Segunda Guerra Mundial.
Ou seja, para ele não houve uma “guerra má” e uma “guerra boa”, uma guerra que foi apenas um massacre inútil, e outra que era necessária (para acabar com os nazistas). Ele considera que em ambos os casos era preciso travá-las para deter os alemães, cujas intenções ele julga tão malévolas em uma luta quanto na outra. “Basta ver a lista de compras do Kaiserreich [império alemão] em agosto de 1914, tudo o que eles pensavam em adquirir”, justifica. “Anexariam grandes pedaços da Rússia e da França, Luxemburgo, transformariam a Holanda e a Bélgica em Estados vassalos… uma lista terrível”. Hastings prossegue: “É difícil hoje convencer as pessoas de que deter os alemães na Grande Guerra foi uma causa que valeu a pena, prepondera a ideia dos poetas – Owen, Sasoon – de que foi uma carnificina absurda, mas basta pensar em como teria sido a Europa se as potências centrais vencessem.
Muitos criticam a Paz de Versalhes porque, dizem, foi cruel com os alemães, mas não imaginam o tipo de paz que a Alemanha teria imposto. A liberdade, a justiça e a democracia europeias teriam saído muito prejudicadas”.