De acordo com merleau-ponty, o que estuda a ontologia? De alguns exemplos novos.
Soluções para a tarefa
Para Merleau-Ponty, a fenomenologia é o estudo das essências, mas é também uma filosofia que repõe as essências na existência e busca compreender o humano a partir de sua facticidade.
É uma filosofia para a qual o mundo já está sempre “ali”, antes da reflexão, como presença inalienável, e cujo esforço todo consiste em reencontrar este contato ingênuo com o mundo para dar-lhe enfim um estatuto filosófico. É a tentativa de uma descrição direta de nossa experiência tal como ela é e sem nenhuma deferência à sua gênese psicológica e às explicações causais dos cientistas.
O verdadeiro cogito, afirma o autor, não define a existência do sujeito pelo pensamento de existir que ele tem, não converte a certeza do mundo em certeza do pensamento do mundo e, enfim, não substitui o próprio mundo pela significação mundo. O mundo, portanto, não é aquilo que eu penso, mas aquilo que eu vivo, estou aberto ao mundo, comunico-me indubitavelmente com ele, mas não o possuo, ele é inesgotável.
Merleau-Ponty recusa explicitamente o cogito e muda o foco do corpo para a noção de carne/corpo, inaugurando uma nova ontologia, a ontologia do ser bruto, um ser de indivisão, totalidade prévia, experiência em estado bruto, não lapidado por um movimento reflexivo.
Neste novo contexto, “não somos uma consciência reflexiva pura, mas uma consciência encarnada num corpo”. É mediante o corpo que o humano se faz um ser-no-mundo, a referência em relação ao qual cada coisa toma seu lugar e torna-se situada, no sentido de que o corpo é aquilo para que e mediante o qual os objetos existem.
A percepção seria a chave para esse entendimento e a construção da realidade. Como a percepção se dá através do corpo, este seria, simultaneamente, sujeito e objeto. O filósofo tenta solucionar tal dualidade através de uma unidade de abstração: o corpo como “coisa pensante” e “objeto pensado” ao mesmo tempo, ou seja, o que pensa e sente e o que se torna objeto de pensamentos. Essa dupla propriedade o coloca na ordem do objeto, de um lado, e na ordem do sujeito, de outro, mas sem dissolvê-lo, sem desagregar as duas propriedades.
Para Merleau-Ponty estar no mundo é, mediante o corpo, instalar-se nos objetos. Para aprender a dançar, o corpo pega uma significação, a compreende. Uma mulher consegue andar com seu grande chapéu de plumas sem esbarrar em nada, dirigimos um automóvel e sabemos exatamente se ele consegue passar por estreitas ruelas, a bengala do cego torna-se análoga ao olhar. Esses objetos fazem parte do volume de nosso corpo. Ser corpo é estar atado a certo mundo, e nosso corpo não está primeiramente no espaço; ele é no espaço.
Eu não estou diante de meu corpo, estou em meu corpo, ou antes, sou o meu corpo. Aprender a ver as coisas é adquirir um certo estilo de visão, um novo uso do corpo próprio é enriquecer e reorganizar o esquema corporal.
Sistema de potências motoras ou de potências perceptivas, nosso corpo não é um objeto para um “eu penso”: ele é um conjunto de significações vividas que caminha para seu equilíbrio. O corpo não é um objeto partes extras partes, é uma totalidade que me permite ser, amar, odiar, rezar, tomar posse, estar no mundo, morrer e fundamentalmente, conhecer.
Para a fenomenologia de Merleau-Ponty o corpo diante das cores, texturas, cheiros e sabores, se sentirá atraído e uma vez experimentado, o corpo compreende, por exemplo, o conteúdo boa alimentação apenas na perspectiva das atitudes e procedimentos, sem teorias, discursos e aulas expositivas sobre boa alimentação, simplesmente disponibilizar na cantina da escola uma bela cesta de frutas, que o nosso país tropical nos presenteia a baixíssimo custo. E segundo Merleau-Ponty: o corpo compreendeu, o hábito está adquirido, a aprendizagem aconteceu.
Bons estudos!