Inglês, perguntado por mareloazrul, 5 meses atrás

da sua opinião sobre a musica queens​


Usuário anônimo: vou escutar é te falo

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Respondido por morganpeterson078
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Resposta:

Fui ao cinema ver o Bohemian Rhapsody, o filme sobre a vida do Freddie Mercury. Não sou cinéfilo, abstenho-me de comentar os méritos ou deméritos da película. Mas valeu. Ainda bem que fui. O filme teve o mérito de reacender em mim uma paixão antiga. Os Queen foram a minha segunda grande paixão musical. A primeira foram os Beatles. A grande coisa da música é que ela é megera e não exige monogamia. As paixões musicais compatibilizam-se, não se sucedem em série, como no amor romântico. O coração melómano acomoda todos.

Volta e meia sobe-se-me a febre dos Queen, a última vez tinha sido há 10 anos. Agora voltou em força, todos os dias ouço, vejo tudo que há para ver no YouTube, leio as entrevistas todas. Mas este surto trouxe uma novidade: só desta vez é que tomei consciência duma coisa que das outras vezes não tinha reparado: os Queen nunca foram assim muito respeitados pela malta da música. Desde os especialistas da Imprensa, passando pelos seus pares e descendo cá em baixo até nós, os fãs de música, os que colecionavam CD e compravam revistas de música na Bertrand do Shopping Center Brasília. Sempre foram uma espécie de um Guilty Pleasure cuja “qualidade” se respeita e reconhece, mas “agora a sério”. Naquelas conversas de eleger a melhor banda da história da música popular, invariavelmente vem sempre anexo um “tirando esses”, junto a qualquer tentativa de referência à banda de Freddie Mercury. E depois ganham sempre os Beatles ou os Led Zeppelin. Sempre foram perseguidos pela Imprensa. Nas centenas de revistas de música que eu comprava no início dos anos 90, nunca apareciam. Nunca foram aceites na América dos Eagles e dos Fleetwood Mac. Porque será? Sinceramente me pergunto. Pergunto-me até se isso já terá passado.

Até 1982 (o auge deles, em palco, acontece em 1981, no concerto em Montreal, no Canadá, na digressão do álbum The Game), eram quatro homens em palco e, tirando as vezes que o Freddie estava ao piano, eram somente três instrumentos apenas a debitar música, acrescida das vozes. Não dá mesmo para acreditar. Ao Freddie Mercury bastaria cantar como canta e domar uma multidão como só ele fazia para granjear para si um lugar no panteão, onde se encontra por exemplo o Elvis Presley. Acrescido a isto, bastaria ter sido o autor dum Crazy Little Thing Called Love, belíssima canção na veia do Rock and Roll do Elvis, para ter de ser mais valorizado, pois o mito de Memphis não era propriamente um autor. Então se formos a ver que o Freddie é o autor exclusivo da Bohemian Rhapsody, respetivos arranjos e requintes épicos, nem vale a pena continuar com a conversa. Quem inventou essa música não precisava de cantar sequer uma nota ou subir para cima dum palco. A mera autoria dessa obra-prima garantiria qualquer espécie de imortalidade. Agora: tudo isto no mesmo indivíduo é dose a mais para qualquer metabolismo.

É natural que haja sempre quem diga “tirando ele”, quando alguém ousa infringir as leis secretas da apreciação musical e sugerir o Freddie como o maior de sempre. É aquela síndrome “Michael Jordan” que vem sempre apegada aos maiores. Realmente, assim não vale. Nesse tal concerto em Montreal, em 1981, nota-se que eles estão cansados. Estão a dar tudo, estão a crédito, a aguentar-se duma energia que se sente que naquele momento não têm. Ninguém disse que isto era fácil. E há um momento em particular, esse momento está no YouTube. Na Somebody to Love, precisamente no minuto 5h24. A banda volta a entrar na música, há ali uma sacudidela de ombro do Freddie Mercury que provoca um arrepio pelo corpo todo de quem quer que esteja a ver. Esse arrepio transcende tudo: o espaço, o tempo, a morte física, tudo. Fura tudo e não tem fim. Trespassa até a opinião generalizada dos especialistas. É uma espécie de magia. A rage that lasts a thousand years.


Usuário anônimo: TÀ POXAA
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