Cultura Brasileira: da diversidade à desigualdade Mesmo admitindo a existência de diversos estudos e discussões antropológicas sobre o conceito de cultura, podemos considerá-la, grosso modo, da seguinte forma: a cultura diz respeito a um conjunto de hábitos, comportamentos, valores morais, crenças e símbolos, dentre outros aspectos mais gerais, como forma de organização social, política e econômica, que caracterizam uma sociedade. Além disso, os processos históricos são em grande parte responsáveis pelas diferenças culturais, embora não sejam os únicos fatores a se considerar. Isso nos permite afirmar que não existem culturas superiores ou inferiores, mas sim diferentes, com processos históricos também diversos, os quais proporcionaram organizações sociais com determinadas peculiaridades. Dessa forma, podemos pensar na seguinte questão: o que caracteriza a cultura brasileira? Certamente, ela possui suas particularidades quando comparada ao restante do mundo, principalmente quando nos debruçamos sobre um passado marcado pela miscigenação racial entre índios, europeus e africanos. A cultura brasileira em sua essência seria composta por uma diversidade cultural, fruto dessa aproximação que se desenvolveu desde os tempos de colonização, a qual, como sabemos, não foi, necessariamente, um processo amistoso entre colonizadores e colonizados, entre brancos e índios, entre brancos e negros. Porém, ao retomarmos a ideia de cultura, adotada no início do texto, podemos afirmar que, apesar desse contato hostil num primeiro momento entre as etnias, o processo de mestiçagem contribuiu para a diversidade da cultura brasileira no que diz respeito a costumes, práticas, valores, entre outros aspectos que poderiam compor o que alguns autores chamam de caráter nacional. Ainda hoje há quem possa acreditar que nossa mistura étnica tenha promovido uma democracia racial ao longo dos séculos, com maior liberdade, respeito e harmonia entre as pessoas de origens, etnias e cores diferentes. Contudo, essa visão pode esconder algumas armadilhas. Nas ciências sociais brasileiras, não são poucos os autores que já apontaram a questão da falsidade dessa democracia racial, alertando para a existência de um racismo velado, implícito, muitas vezes, nas relações sociais. Dessa forma, o discurso da diversidade (em todos os seus aspectos, como em relação à cultura), do convívio harmônico e da tolerância entre brancos e negros, pobres e ricos acaba por encobrir ou sufocar a realidade da desigualdade, tanto do ponto de vista racial como de classe social. Ainda hoje, mesmo com leis claras contra atos racistas, é possível afirmarmos a existência do preconceito de raça na sociedade brasileira, no transporte coletivo, na escola, até no ambiente de trabalho.
1 – A partir da leitura do TEXTO I, só NÃO é possível entender a cultura brasileira como:
(A) resultado de um processo em que as características de povos diferentes criaram o brasileiro.
(B) fruto de uma mistura étnica na qual não se consolidou a democracia racial e social ao longo dos séculos.
(C) conjunto de hábitos, comportamentos, valores morais, crenças e símbolos oriundos da aproximação cordial entre povos diversos.
(D) forma de organização social, política e econômica decorrente da contribuição diversificada de diferentes etnias.
(E) reunião de costumes, práticas e valores resultante de uma diversidade étnica que poderia compor o chamado caráter nacional.
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Resposta:
Letra B. fruto de uma mistura étnica na qual não se consolidou a democracia racial e social ao longo dos séculos.
Explicação:
"Ainda hoje há quem possa acreditar que nossa mistura étnica tenha promovido uma democracia racial ao longo dos séculos, com maior liberdade, respeito e harmonia entre as pessoas de origens, etnias e cores diferentes." "com leis claras contra atos racistas". Retirado do texto.
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