Cruz e Sousa (1861-1898), o maior poeta simbolista brasileiro, escreveu Missal (1893), um livro de
poemas em prosa. Leia um dos textos desse livro.
OS CÂNTICOS
No templo branco, que os mármores augustos e as cinzeluras douradas esmaltam e solenizam com
resplandecência, dentre a profusão suntuosa das luzes, suavíssimas vozes cantam.
Coros edênicos inefavelmente desprendem-se de gargantas límpidas, em finas pratas de som, que parecem
dar ainda mais brancura e sonoridade à vastidão do templo sonoro.
E as vozes sobem claras, cantantes, luminosas como astros.
Cristos aristocráticos de marfim lavrado, como fidalgos e desfalecidos príncipes medievos apaixonados,
emudecem diante dos Cânticos, da grande exaltação de amor que se desprende das vozes em fios sutilíssimos de
voluptuosa harmonia.
O seu sangue delicado, ricamente trabalhando em rubi, mais vivo, mais luminoso e vermelho fulge ao clarão
das velas.
Dir-se-ia que esse rubi de sangue palpita, aceso mais intensamente no colorido rubro pela luxúria dos
Cânticos, que despertam, ciliciando, todas as virgindades da Carne.
Fortes, violentas rajadas de sons perpassam convulsamente nos violoncelos, enquanto que as vozes se
elevam, sobem, num veemente desejo, quase impuras, maculadas quase, numa intenção de nudez.
E, através da volúpia das sedas e damascos pesados que ornamentam o templo, das luzes adormentadoras,
dos perturbadores incensos, da opulência festiva dos paramentos dos altares e dos sacerdotes, das egrégias
músicas sacras, sente-se impressionativamente pairar em tudo a volúpia maior - a volúpia branca dos Cânticos.
Cruz e Sousa
Justifique, extraindo dois fragmentos do texto e classificando-os com suas características, por que “Os Cânticos” é
considerado um texto simbolista.
Soluções para a tarefa
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1
pq o simbolismo foi um movimento literário muito gótico, os poetas simbolistas pensavam no EU para escrever, eles voltavam pra dentro de si para que pudessem se expressar, diferente dos outros movimentos da época que só falavam sobre o exterior, no caso, as coisas que estavam acontecendo no meio em que habitavam
" Cristos aristocráticos de marfim lavrado, como fidalgos e desfalecidos príncipes medievos apaixonados,
emudecem diante dos Cânticos, da grande exaltação de amor que se desprende das vozes em fios sutilíssimos de
voluptuosa harmonia"
" através da volúpia das sedas e damascos pesados que ornamentam o templo, das luzes adormentadoras,
dos perturbadores incensos, da opulência festiva dos paramentos dos altares e dos sacerdotes, das egrégias
músicas sacras, sente-se impressionativamente pairar em tudo a volúpia maior - a volúpia branca dos Cânticos."
" Cristos aristocráticos de marfim lavrado, como fidalgos e desfalecidos príncipes medievos apaixonados,
emudecem diante dos Cânticos, da grande exaltação de amor que se desprende das vozes em fios sutilíssimos de
voluptuosa harmonia"
" através da volúpia das sedas e damascos pesados que ornamentam o templo, das luzes adormentadoras,
dos perturbadores incensos, da opulência festiva dos paramentos dos altares e dos sacerdotes, das egrégias
músicas sacras, sente-se impressionativamente pairar em tudo a volúpia maior - a volúpia branca dos Cânticos."
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