cronica sobrea dengue
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O problema da dengue é a promiscuidade, contou-me Tio Luís. Essa
bicharada copulando a torto e a direito em qualquer casa ou casebre,
poça d´água ou curva de pneu, pedacito de calha e por h2o
parada adentro. Haja pupa. O que esses mosquitos desejam? Bando de
irresponsáveis. Não se previnem, não preservam a família ou qualquer bom
costume. Negativo! Dão de asas pra nós e saem pererecando para expandir
sua prole. Cruzam-se entre irmãos, primos, tios e adotivos. Insinuam-se
dentro da mesma turma. Saltitam os muros da vizinhança, se infiltram
pela fresta da casa do padre, fazem um verdadeiro auê-parangolê. E nem
adianta fazer campanha de conscientização com foco nos mosquitos porque
eles estão zumbindo pra gente. É uma turma de desaforados e desaforadas
que não nos deixa alternativa a não ser partir pro racha. Dar-lhe-emos
mata-moscas. Controle de natalidade na marra. Se necessário for, vamos
recorrer a Liga da Castidade e até acionar o Papa com aquela fumacinha
que fica balangando dum lado para o outro pra acabar com esse
assanhamento todo. Tão querendo o quê? Tão achando que a nossa casa é um
bordel ou que a cidade é a casa da mãe joana? Essa sacanagem da dengue
tem que ter pelo menos um recesso parlamentar. Colocar uma camisinha
nesta história. Sucumbir com essa fortuna do aedes aegypti. Doutra
maneira, já que os governos estão estéreis, a orgia que ocorre todo ano e
anualmente não cessa, só nos furnica.
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