Criticas sobre o samba enredo da Imperatriz Leopoldinense de 1989
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Resumo: O presente artigo tem como objetivo compreender como os sambas-enredos do
grupo especial do carnaval carioca, entre os anos de 1980 a 1990, acionaram aspectos do
passado e projetavam uma expectativa de futuro para a sociedade brasileira. Os sambasenredos selecionados pertencem às escolas de samba da periferia da Zona Norte do Rio de
Janeiro, que expressavam seus lamentos, reinvindicações e visões acerca do cenário político
através dos desfiles carnavalescos. Vale pontuar que as agremiações de carnaval não estavam
alheias às questões políticas do período. Caprichosos de Pilares, Imperatriz Leopoldinense,
Império Serrano, Mocidade Independente de Padre Miguel, Portela, Unidos do Cabuçu,
Unidos da Tijuca, Unidos de Vila Isabel, levaram à Marquês de Sapucaí as suas projeções de
futuro que pleiteavam questões básicas de sobrevivência, como alimentação, saúde, educação,
moradia, dentre outras questões. A década de 1980 é emblemática, pois o Brasil atravessou
diversos acontecimentos políticos, dentre os quais se destacam a redemocratização, a
Constituinte (1987-1988) e a eleição para Presidência da República (1989). Durante as
análises, utiliza-se o samba-enredo, gênero musical que carrega consigo intencionalidades e
um discurso que ambiciono identificar, compreender e problematizar. Mediante tal proposta,
busca-se um diálogo com os teóricos Jörn Rüsen (1994), Reinhart Koselleck (2006) e Marcos
Napolitano (2005). Tais estudiosos, respectivamente, nos fornecem os subsídios necessários
para o debate das categorias de cultura histórica, espaço de experiência e horizonte de
expectativa, e por fim, um arcabouço metodológico para se trabalhar com a música.
A espera pela sinopse do enredo é tensa para os compositores. No texto estão informações que não podem faltar e até sugestões de versos para deixar bem claro do que se trata. Os autores que ousam contrariar quem manda são cortados. A menos que a obra conquiste o carnavalesco mesmo com curtas referências ao tema, caso de “Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós”, de Niltinho Tristeza, Preto Joia, Jurandir e Vicentinho, que levou a Imperatriz ao título em 1989 e ganhou o Estandarte de Ouro.