Críticas e conceitos sobre poder?
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Vimos que para Hannah Arendt o poder é uma "ação em concerto". Mas o caráter coletivo dessa ação não esgota a sua importância; é preciso ter presente que o poder é uma ação em concerto que funda uma dada comunidade (um grupo, uma cidade, uma nação). Com este conceito Arendt "está em busca de uma manifestação mais originária do fenômeno político", do "locus primordial do qual emana todo o poder" (Duarte 2001: 87). A conjugação dessas duas características ação coletiva que funda o grupo sugere que este momento original constitui-se no início de uma "esfera pública", pois a "ação em concerto" que "funda o grupo" só pode ocorrer por meio de um "encontro" público em que o acordo e o consentimento surjam. Daí tratar o poder (e a esfera pública), ao mesmo tempo, como o espaço das "aparências" e o lugar da "isonomia"2, isto é, um espaço em que a interação entre indivíduos iguais se dá por meio da livre troca de opiniões plurais e da ação.
É neste ato fundacional, do qual participam todos em condição de igualdade, que reside a legitimidade do poder. Como diz Arendt, "o poder emerge onde quer que as pessoas se unam e ajam em concerto, mas sua legitimidade deriva mais do estar junto inicial do que de qualquer ação que então possa seguir-se" (2001: 41, itálico meu). Nesse sentido, todo poder se justifica por si mesmo, porque é fruto da ação coletiva do grupo que o sustenta. Qualquer ação política futura deverá, para ser legítima (isto é, para ter "autoridade") fazer referência a esse momento inicial.