Crises políticas durante o governo de Getúlio Vargas.
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Resposta:
Crise política

Visita de Vargas a Minas Gerais poucos dias antes de cometer suicídio, em 1954. [1]
Na crise política, é importante ressaltar o papel da UDN de tornar a situação insustentável para que Vargas pudesse governar. Um dos grandes nomes da oposição udenista foi o jornalista Carlos Lacerda, que defendia a ideia de “recorrer à revolução para impedir Vargas de governar”|1|.
A crise política concentrou-se em um assunto central do debate político brasileiro na época – o caminho para o desenvolvimento econômico do Brasil. Existiam duas tendências abertamente opostas para o crescimento do país: uma tinha uma postura mais nacionalista, e a outra, uma postura mais liberal.
Os nacionalistas defendiam que o desenvolvimento do país deveria passar pela atuação de empresas estatais que explorassem recursos e áreas fundamentais da economia. Além disso, a influência do capital estrangeiro deveria ser limitada por meio da intervenção do Estado na economia. A proposta liberal defendia que o desenvolvimento brasileiro deveria ser realizado com a utilização de capital estrangeiro, e a intervenção do Estado na economia deveria ser limitada ao máximo.
Getúlio Vargas tendia para a proposta desenvolvimentista-nacionalista, e a ação do governo que mais repercutiu foi a proposta de criação de uma estatal para explorar o petróleo e de outra para a produção de energia elétrica – a Petrobras e a Eletrobras, respectivamente. A Petrobras acabou sendo fundada em um clima de mobilização nacional muito grande, enquanto o projeto da Eletrobras não avançou.
O fato de Vargas estar na presidência e seu histórico de uma política próxima dos trabalhadores já desagradavam à elite do país. Essa insatisfação só aumentou com as medidas do presidente na economia. A intervenção estatal e a ação do governo para retirar investimentos estrangeiros em áreas importantes prejudicaram os interesses de grupos poderosos, que se voltaram contra o governo.
Vargas procurou contornar essa situação ao tentar aproximar-se dos grandes partidos do Brasil. Ele era vinculado ao PTB, tinha muito apoio no PSD e tentou garantir o apoio da UDN. A situação irritou muitos políticos do PTB e PSD, e a situação saiu do controle de Vargas. Quem se aproveitou dessa situação foi a própria UDN, que conseguiu se fortalecer e travou o governo.
Os debates e a divisão do país eram tão grandes que até o Exército dividiu-se, sobretudo na questão da política de desenvolvimento do país. Esse racha no Exército prejudicava a sustentação de Vargas no poder, uma vez que o Exército era uma figura fundamental naquela época para garantir a manutenção dos governos.
Os ataques que eram realizados a Vargas concentravam-se na questão da corrupção, com acusações de que governo era corrupto, mas também se aproveitavam do temor que existia no país em relação ao comunismo. Com isso, Vargas passou a ser acusado de procurar construir uma “república sindicalista”, aos moldes do que acontecia na Argentina peronista.
Além do Exército e da UDN, a imprensa brasileira também atuou abertamente para desestabilizar o governo de Getúlio Vargas. Jornais como O Estado de São Paulo, O Globo e Tribuna da Imprensa teciam críticas constantemente. Tudo se agravou com a descoberta de empréstimos concedidos a um jornal situacionista (que apoiava o governo) chamado “Última Hora”, o que levou à abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). A imprensa explorou amplamente o assunto como demonstração da corrupção do governo.