CORONAVÍRUS: O QUE SABEMOS E O QUE ESPERAR DA NOVA INFECÇÃO RESPIRATÓRIA
Especialistas explicam o que é o novo Corona vírus, originário de Wuhan (China), quais seus sintomas e o risco de ele ser transmitido no Brasil.
Por Diogo Sponchiato, André Biernath access_time28 jan 2020, 11h43 –
Publicado em 24 jan 2020, 14h41
Um novo vírus que ataca o sistema respiratório e se espalhou a partir da região de Wuhan, na China, preocupa o planeta. Ele pertence à família dos Corona vírus, um grupo que reúne desde agentes infecciosos que provocam sintomas de resfriado até outros com manifestações mais graves, como os causadores da Sars (sigla em inglês para Síndrome Respiratória Aguda Grave) e da Mers (Síndrome Respiratória do Oriente Médio).
“Falamos de uma ampla família de vírus, que acometem praticamente todas as espécies, de répteis a mamíferos”, contextualiza o infectologista Celso Granato, do Fleury Medicina e Saúde. De acordo com as investigações ainda em andamento, o novo Corona vírus, que afeta mais de 2700 pessoas e matou pelo menos 80 até o momento, pode ter origem em serpentes ou morcegos — inclusive se especula que a ingestão de um desses animais teria originado o surto. Apesar de um estudo chinês ter encontrado uma relação do novo Corona vírus com cobras, não existe consenso entre os cientistas sobre a origem da doença. Muitos apostam que outro animal possa estar envolvido com o início do problema na China.
O fato é que Corona vírus diferentes podem sofrer mutações e se recombinar, dando origem a agentes inéditos. Pulando entre espécies animais (os hospedeiros), eles eventualmente chegam aos seres humanos. “É um processo que tem semelhanças com o que acontece na gripe. Na gripe suína, um porco pegou o vírus de aves e, na recombinação de vírus diferentes dentro do animal, surgiu um H1N1 que conseguiu passar para os seres humanos“, explica Granato.
Tudo leva a crer que o novo Corona vírus tenha sido originalmente transmitido para o ser humano de um animal e ainda em esteja em processo de evolução e adaptação. “Embora a transmissão de uma pessoa para outra já tenha sido detectada, até agora não está clara a importância da transmissão interhumana”, diz a infectologista Lígia Pierrotti, do laboratório Delboni Auriemo.
Seguindo o padrão dos coronavírus, e a perspectiva de o agente aperfeiçoar sua propagação entre os humanos, existem algumas vias principais de transmissão. De acordo com o pneumologista Elie Fiss, professor titular da Faculdade de Medicina do ABC, os coronavírus normalmente são transmitidos pelo ar, por meio de tosse ou espirro, contato pessoal próximo ou com objetos e superfícies contaminadas.
Pesquisadores e autoridades de saúde estão mobilizados em entender melhor o comportamento desse agente infeccioso e evitar sua disseminação geral. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (ainda) não decretou uma emergência global. Mesmo assim, o Brasil e outras nações deram início a um plano de vigilância e contenção de casos suspeitos — por ora não há episódios confirmados por aqui.
O número de vítimas na China fez soar o alerta, sobretudo para o risco de pneumonia e insuficiência respiratória em pessoas mais velhas e que já tenham outras doenças. “O novo coronavírus causa, em geral, sintomas respiratórios mais leves que os da Sars e da Mers e os sinais clínicos mais referidos são febre e tosse. Até o momento, a letalidade também é menor que a associada a Sars e Mers“, relata Lígia. Um estudo com uma família infectada pelo novo coronavírus sugere que é possível que ele permaneça no corpo sem manifestar sintomas. Isso dificultaria o controle, uma vez que esse agente infeccioso poderia ser transmitido por pessoas aparentemente saudáveis.
Todos os casos da doença têm relação direta com os territórios chineses acometidos, que inclusive já foram isolados. Por aqui, episódios suspeitos já são investigados.
A primeira medida de prevenção é evitar viajar a Wuhan e região, bem como a cidades que possam vir a alojar surtos. Se inevitável, os médicos Elie Fiss e Celso Granato aconselham algumas medidas básicas de proteção, que inclusive se aplicam a outros agentes infecciosos transmitidos pelo ar e por gotículas de saliva:
• Evite aglomerações e contato próximo com outras pessoas;
• Cubra o nariz e a boca com lenço descartável ao tossir ou espirrar (e descarte o material em local adequado);
• Lave as mãos a cada duas horas e principalmente após passar por estabelecimentos ou transportes públicos;
• Procure não tocar olhos, nariz e boca;
• Não compartilhe copos, toalhas e objetos de uso pessoal;
• Dependendo do local, compre e use máscaras que cobrem boca e nariz.
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