CORONAVÍRUS NÃO É O MAIOR INIMIGO DA HUMANIDADE EM 2020. Meninas e mulheres forçadas, involuntariamente, ao parto e à maternidade são casos de violência obstétrica. Por isso, às
histórias de dor física ou abusos verbais de nossas mães e avós, devemos somar as histórias da clandestinidade do aborto — as leis
restritivas de aborto atingem 97% das mulheres em idade reprodutiva na América Latina e Caribe. Todas essas são expressões da
violência obstétrica, uma forma silenciosa e perene de violência baseada em gênero.
Jornal El País Brasil, 20 de março de 2019.
inumano em momentos como esse, quando dezenas de pessoas estão morrendo vítimas de um vírus sem cura, ficar se preocupando
com o quanto isso vai se traduzir na venda de iPhones. Inumano ou, talvez, até humano demais, já que o egoísmo e a ganância
exacerbada têm sido características marcantes de uma esmagadora parte das interações humanas deste século, em que as pessoas
com qualquer status de poder hierárquico parecem cada vez mais confundir “lealdade” com a aceitação em ser explorado.
Outra faceta que o surto desta nova doença está ajudando a destacar é a crescente xenofobia mundial, em que as pessoas
parecem sentir prazer em jogar toda a culpa de algo sobre “o outro”, “o forasteiro”, “o estrangeiro”, enquanto se recusam a olhar
para os problemas que causaram em seu próprio quintal. O caso dos Estados Unidos é um bom exemplo: desde que foi revelado
que o Coronavírus se originou na China, esse fato foi visto como uma espécie de “licença para o preconceito”, e tanto na internet
quanto nas ruas as pessoas começaram a apontar como os chineses são "bárbaros sem higiene", chegando até mesmo a apontar
culpados sem qualquer critério científico (como a história da sopa de morcego ter sido de onde o vírus surgiu, por exemplo).
Mas, ao mesmo tempo que boa parte da população da terra do Tio Sam está prontinha para culpar os chineses — e
somente eles — pela doença, subindo em seus pedestais de perfeição enquanto olham para os “meros mortais” de nariz levantado,
há também um enorme esforço dessa mesma população para deixar de lado o fato de que, em 2019, os Estado Unidos passaram
por um enorme surto sarampo, com mais de 1200 casos registrados ao longo do ano. Claro, esse número é bem baixo perto do
coronavírus que tem essa mesma estimativa de infectados em cerca de um mês, mas não podemos esquecer que há um enorme
agravante nesta situação: enquanto ninguém sabe de onde surgiu a doença chinesa que ainda não tem cura, o sarampo é uma
doença conhecida há décadas, que já possui vacina e, durante muitos anos, foi até mesmo considerada extinta no país.
E o que mudou? O que mudou é que de repente essas pessoas, que são tão higiênicas e civilizadas, começaram a duvidar
de médicos e cientistas e aceitar o conselho de YouTubers e blogueiros de teoria da conspiração que, apesar de não terem nenhum
diploma em áreas médicas e não fornecerem nenhum argumento científico, têm a certeza de que vacinas causam autismo e que as
pessoas não deveriam vacinar a si mesmas e nem seus filhos. E esse foi o resultado: uma doença considerada extinta acabou
retornando com a maior quantidade de casos já registrados nas últimas três décadas. Mas, claro, são os chineses que não sabem
cuidar da saúde.
Outro movimento bem recente — e bem insensível — é o uso da hashtag #coronavirus por influenciadores do Instagram,
que transformaram algo que deveria ser usado para espalhar novidades reais sobre a doença em uma oportunidade de tirar fotos
com máscara na cara, tornando uma hashtag de interesse público em apenas mais uma desculpa online para satisfazer o próprio
ego.
Todos esses casos mostram que nem mesmo a capacidade de se acessar uma enorme quantidade de informações em
tempo real sobre qualquer assunto está ajudando a tornar nossa sociedade um lugar melhor para todos. Pelo contrário: parece que,
principalmente neste século mais recente, a enorme quantidade de informações, 24h por dia, tem servido para nos deixar mais
gananciosos, mais intolerantes, mais vaidosos e menos empáticos para com as necessidades de outras pessoas.
O caso do coronavírus é apenas algo que está ajudando a destacar esses comportamentos que há tempos já existem e que
seguem sendo cultivados na sociedade. Por isso, ainda que o coronavírus seja uma ameaça que merece atenção, não é a doença
que veio da China a grande inimiga da humanidade, mas apenas o “assunto novo” usado para desviar a atenção. No fim, o maior
inimigo do homem continua sendo o mesmo de sempre: a total incapacidade de compreender qualquer coisa além de seu próprio
umbigo. E, infelizmente, por mais que a tecnologia esteja muito avançada, esse é um problema que não conseguiremos resolver
com o uso de IAs para a criação de vacinas.3. Que elementos apresentados pelo autor desse texto, em sua introdução, dão pista de como o argumento
será desenvolvido em seguida?
Soluções para a tarefa
Respondido por
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Resposta:
posso de duas linha eu n leio
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