Português, perguntado por guedeslunna02, 1 ano atrás

Cordel sobre HOMOFOBIA

Soluções para a tarefa

Respondido por NaySouza777
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Diante do Tribunal

Zeca expôs a questão:

“Sou um homossexual

E peço vossa atenção

O que deve ser julgado

E d’uma vez extirpado

É o ódio; o amor, não!

Não está em discussão

A minha intimidade

Aqui a acusação

Pesa contra a insanidade

De quem ousa decretar

Que é proibido amar

Invocando a divindade

Meu direito de ser gay

Não me pode ser negado

Pois não ajo contra a lei

Quando ouso ser amado

Por alguém do mesmo sexo

Por mais que seja complexo

Esquisito ou estranhado

Sou eu, pois, um cidadão

Que trabalha e contribui

Com esta grande nação

E que dela não se exclui

Mereço todo o respeito

Sou sujeito de direito

Que avança e evolui

O que temos que julgar

É a tal da homofobia

Que está a provocar

Mortes pela cercania

Privando gente decente

De viver alegremente

Entre nós, em harmonia

Não podemos conceber

Que a injustiça impere

Temos que nos envolver

Pois toda morte nos fere

Todo gay é ser humano

Todo ser é nosso “hermano”

Se pensa assim, não tolere

Não seja condescendente

Cúmplice ou co-autor

Muito menos conivente

Com tais atos de horror

Se você tem consciência

Denuncie a violência

Seja lá contra quem for

Não me chame de demente

Anormal ou acintoso

Nem tampouco de indecente

Pecador ou monstruoso

Ouse atacar injustiças

Reveja suas premissas

Não sou eu o criminoso!

O que há de errado em mim?

E que você não suporta?

Tente escrever outro fim

Para a velha história torta

Um defensor de direito

Não dormirá satisfeito

Omisso, fechando a porta!

A diferença existe

Não adiante negar

Pra que este dedo em riste

Sempre a me apontar?!

Vá julgando a minha vida

E escondendo a ferida

Que tu não ousas curar!

Em toda a Humanidade

Houve gente como eu

Vítima da iniqüidade

Quanto inocente morreu!

Em nome de um modelo

Que sempre imprimiu um selo

Separando tu e eu

Foi assim com outros seres

Igualmente “diferentes”

Ante os “podres poderes”

Continuaram silentes?

Mulheres, negros, judeus

Anciãos, crentes, ateus

São todos eles doentes?

Suplico, reflitam mais

Sobre vossas posições

Examinem os anais

Das vossas “convicções”

Vejam que todos perdemos

Que Justiça defendemos

Admitindo exceções?

Repito: eu sou um gay

Veado, homossexual!

Sou eu um fora-da-lei?

Delinqüente, marginal?

Tenho direito a viver?

Ou minha sina é morrer

Sob a lâmina d'um punhal?

Digam, senhores jurados,

E povo da minha terra!

Quem deve ser condenado?

É este que aqui vos berra?

Ou a tal da homofobia?

Que mata à luz do dia

Vai à missa, ora e enterra?

Eu quero finalizar

Pedindo para os doutores

Comecem a se indagar

Olhem-se nos corredores

Quem não conhece um gay?

São todos foras da lei?

Ou há algum entre os senhores?

Quem nunca teve um colega

Quem sabe até um parente

Aquele a quem você nega

O direito de ser gente

De existir, ser feliz

Ser dono do seu nariz

E levar a vida contente?

Vamos, pensem um segundo!

Antes do seu veredito

Quem aqui criou o mundo?

E tudo o que “está escrito”?

Não é este o argumento?

Que lhes serve de cimento

Sobre o que tenho dito?

Deixo agora com vocês

O direito de julgar

Não é mais a minha vez

Fale quem quiser falar

Condenada a homofobia

Quem sabe por mais um dia

Muitos possam respirar

Sendo ela absolvida

Certamente ouvirão

Dizer que mais uma vida

Foi ceifada no sertão

E também no litoral

Onde gay não é igual

A qualquer um cidadão

Data vênia, meus senhores

Mas isto é covardia

Onde eu for, onde tu fores

Sempre dor e agonia

Ponham um ponto final

Sou um homossexual

Tenho direito ao meu dia!

Cordel: Do Direito de Ser Gay ou condenando a Homofobia

Autora: Salete Maria da Silva

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