Conto carioca O rapaz vinha passando num Cadillac novo pela avenida Atlântica. Vinha despreocupado, assoviando um blue, os olhos esquecidos no asfalto em retração. A noite era longa, alta e esférica, cheia de uma paz talvez macabra, mas o rapaz nada sentia. [...] A lua imobilizava-se no céu, imparticipante, clareando a cabeleira das ondas que rugiam, mas como que em silêncio. De súbito, em frente ao Lido, uma mulher sentada num banco. Uma mulher de branco, o rosto envolto num véu branco, e tão elegante e bonita, meu Deus, que parecia também, em sua claridade, um luar dormente. O freio de pé agiu quase automaticamente e a borracha deslizou, levando o carro maneiroso até o meio-fio, onde estacou num rincho ousado. Depois ele deu ré, até junto da dama branca. — Sozinha a essas horas? Ela não respondeu. Limitou-se a olhar serenamente o rapaz do Cadillac, com seu olhar extraordinariamente fluido, enquanto o vento sul agitava-lhe docemente os cabelos cor de cinza. — Sabe que é muito perigoso ficar aqui até estas horas, uma mulher tão bonita? A voz veio de longe, uma voz branca, branca como a mulher, e ao mesmo tempo crestada por um ligeiro sotaque nórdico: — Perdi a condução... Não sei... é tão dificil arranjar condução... O rapaz examinou-a já com olhos de cobiça. Que criatura fascinante! Tão branca... Devia ser uma coisa branca, um mar de leite, um amor pálido. Suas pernas tinham uma alvura de marfim e suas mãos pareciam porcelanas brancas. Veio-lhe uma sensação estranha, um arrepio percorreu-lhe todo o corpo e ele se sentiu entregar a um sono triste, onde a volúpia cantava baixinho. Teve um gesto para ela: — Vem... Eu levo você... [...] Disponível em: . Acesso em: 25 mar. 2018. No texto em questão, a ambientação é feita para intensificar o tom de mistério da narrativa, como pode-se observar no trecho:Leitura Avançada A)“O freio de pé agiu quase automaticamente e a borracha deslizou” B)“— Sabe que é muito perigoso ficar aqui até estas horas, uma mulher tão bonita?” C)“Tão branca... Devia ser uma coisa branca, um mar de leite, um amor pálido.” D)“A lua imobilizava-se no céu, imparticipante, clareando a cabeleira das ondas que rugiam, mas como que em silêncio.”
Soluções para a tarefa
Resposta: A Letra "C"
Explicação: Confia no pai da pop 100
A ambientação do texto apresentado é feita com o objetivo de intensificar o tom de mistério da narrativa, como pode-se observar no trecho colocado na letra D) “A lua imobilizava-se no céu, imparticipante, clareando a cabeleira das ondas que rugiam, mas como que em silêncio.”
O texto apresentado se trata de um conto de mistério, e para enfatizar isso, a ambientação deve ser bem pensada e executada, com os dizeres sobre o ambiente em que o(s) personagem(ns) se encontra(m).
Por isso, ao falar da lua e das ondas, o autor deixa claro que tudo acontece no período da noite, perto do mar, onde há um silêncio, ao mesmo tempo em que há o barulho das ondas do mar. O clima do texto fica mais sombrio e misterioso.
O que é a ambientação em um texto?
Pode ser definida como o cenário em que os personagens estão inseridos, sendo que é ali que realizam suas ações.
Veja mais sobre ambientação e outras coisas em:
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