Português, perguntado por rayannelopes200, 11 meses atrás

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Quando Otávio me bateu à porta, às dez horas da noite, eu tinha um livro aberto diante de mim. Não lia. À cólera, que me agitara durante toda a tarde, sucedera uma grande prostração. Parecia-me sem remédio a minha desgraça, depois daquela certeza, daquela terrível certeza [...]

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Respondido por 123Jaiana
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Resposta:

eu finalmente aceitei a realidade.

Minha vida jamais havia sido invejável, mas apesar de toda dificuldade que enfrentei e de todo o sofrimento que passei, minha vida não podia ser considerada uma vida triste.

A indigência que nos cercava não permitia que gozássemos das mais singelas mordomias que existem. Meus pais, apesar de analfabetos, nunca nos deixava faltar a uma aula sequer. Meu pai sempre dizia que o futuro que podemos escolher, nós o encontramos na escola.

Algum tempo depois minha mãe adoeceu. Não suportando as complicações de uma desconhecida doença, faleceu. Eu estava com a idade de dezoito anos e acabara de me formar no ensino médio. Minha mãe sempre havia sonhado em ser professora; daquelas que estudam a língua e escrevem contos e poesias, desejava possuir um diploma de mestre ou doutora. Entretanto, a terra que perdurava sob suas unhas representavam anos e anos de estudo de quem nunca estudou, os calos de suas mãos representavam as marcas do esforço de uma escritora que não sabia ler e escrever, as rachaduras de seus pés representavam a longa caminhada de uma professora que não sabia ensinar, mas que não deixava faltar comida para seus dependentes, tampouco educação. Esse era seu maior certificado!

Daquele dia em diante a vida não era a mesma. Todos nós, apesar de ter superado a dor da perda, não conseguíamos cobrir o buraco que se abriu em nosso coração. Meus irmãos não estudavam mais como antes e meu pai já não trabalhava com tanto vigor.

Havíamos prestado concurso, no qual somente eu fui aprovado e ingressei na faculdade. Independente de sua ausência, para alegrá-la, estudei Letras. Tornei-me doutor em língua. Embora tenha um amplo conhecimento sobre a escrita, prossigo com a mesma simplicidade com a qual sempre falei e escrevi. Não escrevo contos ou poesias, mas aplico-os em minha vida com a mesma devoção de um fiel em um culto; culto este que frequento diariamente.

Antes de as reminiscências interromperem a minha leitura, eu lia o poema que havia recitado para meus pais em um aniversário de bodas. Essas recordações que citei acima foram as mesmas que emergiram em mim correntezas bravias de uma cólera irremediável, mas efêmera. Otávio, meu irmão, trazia sempre boas notícias e, ao abrir a porta e cumprimenta-lo, minha cólera deu lugar a uma imensa alegria. A ansiedade de saber a notícia que estava por vir desapareceu quanto tive de aceitar aquela tão terrível certeza, aquela tão terrível realidade.

Lembrei-me do poema que havia lido para meus pais naquele dia e recitei-o para meu irmão:

Velejando sem barco ou vela

Viajando na Vida

Por uma simples tela

As ilusões me espreitam,

Horizontes desordenados

Com placas de várias setas

Mas que não inibem minhas frestas

De sonhos que se deleitam

De imagens ilimitadas

Multicores

Refletem por sobre os mares

Por sobre os ares

Por sobre as flores

E nas variações do destino

Enraigados por desafios

Não me induzem a desistir

Pois nesta fascinante tela

Que faço da vida

A imagem mais bela

Do porto onde

Quero seguir.

Tínhamos pranto e lamentações no coração. De nossos olhos, cascatas de dores. E essa era a tão terrível certeza, a tão terrível realidade: enquanto lembrava-se de minha mãe, meu pai havia morrido.

Respondido por lessajulia789
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Resposta:

eu não queria saber de mais nada so do que importava pra mim

Explicação:

o resto eu não sei mas espero ter te ajudado

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