Considerando que a Neuropsicologia é a ciência que estuda a relação entre o cérebro e o comportamento humano, o principal objetivo da avaliação neuropsicológica é:
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Resposta:
O CFP, por meio da Resolução nº 002/2004, regulamenta a atuação do neuropsicólogo da seguinte forma: Atua no diagnóstico, no acompanhamento, no tratamento e na pesquisa da cognição, das emoções, da personalidade e do comportamento sob o enfoque da relação entre estes aspectos e o funcionamento cerebral. Utiliza-se para isso de conhecimentos teóricos angariados pelas neurociências e pela prática clínica, com metodologia estabelecida experimental ou clinicamente. Utiliza instrumentos especificamente padronizados para avaliação das funções neuropsicológicas.
O objetivo principal do trabalho de um neuropsicólogo é verificar, por meio de observação, testes e tarefas neuropsicológicas, a relação entre as alterações comportamentais observadas no paciente e as possíveis áreas cerebrais alteradas.
Com o avanço tecnológico, o objetivo da atuação do neuropsicólogo está em atender às demandas atuais, que são:
1. Quantificação e qualificação detalhadas de alterações das funções cognitivas, buscando diagnóstico ou detecção precoce de sintomas, tanto em clínica como em pesquisa;
2. Avaliação e reavaliação para acompanhamento dos tratamentos cirúrgicos, medicamentosos e de reabilitação;
3. Avaliação direcionada para o tratamento, visando principalmente à programação de reabilitação neuropsicológica;
4. Avaliação direcionada para os aspectos legais, gerando informações e documentos sobre as condições ocupacionais ou incapacidades mentais de pessoas que sofreram algum dano cerebral ou uma doença, afetando o SNC.
Esta avaliação deve possibilitar um diagnóstico e a documentação do estado do paciente; verificar a ocorrência de distúrbios cognitivos, comunicativos e/ou emocionais, relacionados à lesão/disfunção cerebral; desvendar a natureza dos sintomas, a etiologia, o prognóstico e a descrição das características de cada caso; determinar a magnitude das sequelas dessa lesão; seguir a evolução do quadro e, por fim, oferecer orientações terapêuticas (bases para a reabilitação). (RODRIGUES, 1993 apud HAASE et al., 2012, p. 5)
O neuropsicólogo não somente avalia as funções cognitivas, como memória, atenção, funções executivas, linguagem, habilidade visuoespacial e visuoconstrutiva, entre outras (HAASE et al., 2012), como também realiza avaliação funcional.
O comprometimento funcional é uma informação importante na avaliação de quadros neurológicos e psiquiátricos e diversos instrumentos podem ser utilizados para ajudar neste processo de avaliação. A partir destes dados, é possível pensar em detecção precoce de doenças degenerativas, elaborar um programa de reabilitação, orientar os familiares quanto às suas dificuldades e avaliar mudanças ao longo do tempo.
Após a realização da avaliação neuropsicológica, é necessária a elaboração do relatório neuropsicológico, que consiste na apresentação dos dados encontrados durante o processo de avaliação (as funções cognitivas que estão em déficits e que estão preservadas) juntamente com as orientações para a reabilitação do paciente, a ser entregue a este e aos profissionais que o estão atendendo ou ao profissional que solicitou a avaliação. O relatório descreve os dados dos testes e apresenta a interpretação destes dados. Além de auxiliar outros profissionais que estejam atendendo o paciente, o relatório também é um documento oficial que pode auxiliar em questões jurídicas.
Outro ponto importante é a linguagem utilizada na elaboração do relatório da avaliação neuropsicológica, que precisa ser clara, explicando termos técnicos tão logo estes sejam apresentados. Além disso, é necessário considerar aspectos éticos, como não fazer afirmações sem fundamentação e não utilizar termos de conotação negativa ou que minimizem o paciente.
Por fim, o relatório não é somente entregue ao paciente, é necessário que se faça uma entrevista de devolutiva. Na entrevista de devolutiva, são explicados os dados encontrados na avaliação, dando-se exemplos cotidianos, muitas vezes dificuldades relatadas pelo próprio paciente ou familiares, para facilitar a compreensão das funções cognitivas em déficits e preservadas. Neste momento, também são apontados os prognósticos junto às orientações para a reabilitação e para a família e cuidadores sobre como ajudar o paciente.
A Neuropsicologia é, portanto, uma área de pesquisa e clínica de avaliação e reabilitação das funções cognitivas. Mas, apesar de esta ser uma área interdisciplinar, apenas psicólogos podem usar os testes psicológicos.