Conflitos territoriais resumo
PRECISO PARA HOJE, AGRADEÇO
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Resposta:
No século XX, o planejamento territorial e os investimentos em estruturas produtivas e infraestruturas
de grande porte beneficiaram-se de um elevado grau de aceitação por parte da sociedade. Mas, nas duas últimas
décadas, a natureza dos grandes projetos e/ou de processos decisórios considerados tecnocráticos, tecnicistas e
autoritários passou a sofrer uma contestação crescente. As intervenções sobre o território surgem assim como um
campo de expressão de representações, discursos e interesses contraditórios que desembocam em conflitos opondo
parte da sociedade local, autoridades de diversos níveis político-administrativos, atores econômicos e operadores de
infraestruturas, notadamente de transporte (SUBRA, 2007). Rivalidades de poder para o controle, a gestão e o uso
desse território delineiam complexos jogos de atores e formas inovadoras de governança que questionam os métodos
de intervenção sobre o território do Estado, dos atores econômicos e dos operadores de redes técnicas. A crise do
território nacional como referência exclusiva da identidade da população, de organização do setor produtivo e o
“deslizamento progressivo do conflito do campo social para o campo territorial” (SUBRA, 2007, p.39) explicam que o local
seja cada vez mais um espaço de tensões geopolíticas. Estamos diante de mobilizações de atores que, para além da
síndrome nimby, estimulam a repensar as escalas e as novas dimensões (ambiental, social) do interesse geral (SUBRA,
2007; HARVEY, 1989). Existe então uma dimensão geopolítica dos conflitos locais, onde precisamos compreender a
ação e as estratégias dos atores para dominar o território e impor seus interesses (SUBRA, 2007). As cidades portuárias
constituem um palco privilegiado de análise dos conflitos territoriais. O crescimento do comércio internacional, as
pressões dos produtores e negociantes de commodities e o imperativo de fluidez imposto pelos atores da logística
implicam investimentos na expansão, modernização e reestruturação dos portos, hoje legitimados pela retórica do
neodesenvolvimentismo. A geopolítica oferece instrumentos, conceitos e metodologia para analisar um espaço de
rivalidades entre atores institucionais tradicionais (os níveis territoriais da decisão política), setoriais (operadores
do transporte e da atividade portuária, autoridade portuária) e sociais emergentes (mobilizações de cidadãos, de
trabalhadores) cujos interesses, escalas de ação e estratégias territoriais são frequentemente contraditórios.