Conclusao de cativeiro indigena de darcy ribeiro
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Resposta:
A instituição social que possibilitou a formação do povo brasileiro foi o cunhadismo, velho uso indígena de incorporar estranhos à sua comunidade. Consistia em lhes dar uma moça índia como esposa. Assim que ele a assumisse, estabelecia, automaticamente, mil laços que o aparentavam com todos os membros do grupo. Isso se alcançava graças ao sistema de parentesco classificatório dos índios: aceitando a moça, o estranho passava a ter nela sua temericó e, em todos os seus parentes da geração dos pais, outros tantos pais ou sogros. O mesmo ocorria em sua própria geração: todos passavam a ser seus irmãos ou cunhados. Na geração inferior eram todos seus filhos ou genros. Para preservar seus interesses, ameaçados pelo cunhadismo generalizado, a Coroa portuguesa pôs em execução, em 1532, o regime das DONATARIAS. Quase todos os contemplados vieram tomar posse com a função de povoá-las e fazê‐las produzir. A escravidão indígena predominou ao longo de todo o primeiro século, só no século XVII a escravidão negra viria a sobrepujá‐la. Ainda assim, subsistiu nas áreas pioneiras como estoque de escravos baratos. A função básica da indiada cativa foi a de mão‐de‐obra na produção de subsistência. Custando uma quinta parte do preço de um negro importado, o índio cativo se converteu no escravo dos pobres, numa sociedade em que os europeus deixaram de fazer qualquer trabalho manual.
O apoio da Coroa aos jesuítas, aos seus esforços por regulamentar o cativeiro dos índios, tinha base, de fato, no interesse da administração. As aldeias missionárias eram concentrações de gente recrutável e disponível a qualquer tempo, a custo nulo para as guerras aos índios hostis, ao invasor estrangeiro e aos negros alçados. Era também uma importante fonte de provimento de gêneros a uma população famélica, porque se ocupava fundamentalmente da produção de gêneros alimentícios. Os engenhos só cuidavam das mercadorias de exportação. A concentração de índios nas missões coincidiu também com os interesses dos escravizadores que, num só ataque, faziam farta colheita de cativos.Bibliografia:
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.