- Composto por cantigas líricas e satíricas, escritas pelos trovadores, que dão nome ao movimento, era um híbrido entre a linguagem poética e a música.
-Acompanhados de instrumentos musicais e de dança, os trovadores viajavam entoando suas cantigas. Foi um dos gêneros literários mais populares da Idade Média, ao lado das novelas de cavalaria, expressão da prosa no período.
- As obras do trovadorismo são chamadas cantigas, pois eram escritas para serem declamadas e frequentemente eram acompanhadas de instrumentos musicais, como a lira, a flauta, a viola.
-O compositor era chamado de trovador, o músico era chamado de menestrel. Chamava-se segrel o trovador profissional, cavaleiro que ia de corte em corte divulgando suas cantigas em troca de dinheiro.
-Movimento itinerante, isto é, os grupos de trovadores e menestréis viajavam pelas cortes, burgos e feudos, divulgando em suas composições acontecimentos políticos e propagando ideias, como a do comportamento amoroso esperado de um cavaleiro apaixonado.
-O amor é um dos temas centrais do trovadorismo. É o eixo condutor das cantigas de amor e das cantigas de amigo. É comum o tema da coita (coyta), palavra que designa a dor do amor, do trovador apaixonado que sente no corpo a não realização amorosa. Daí a origem da palavra “coitado”: aquele que foi desgraçado, vítima de dor ou mazela.
Cantigas
As cantigas dividem-se em dois tipos: lírico e satírico.
Cantigas líricas
Cantigas líricas são as de temática amorosa, e possuem dois tipos: cantigas de amor e cantigas de amigo.
Cantigas de amor
Gênese da poesia amorosa que surgiria nos séculos seguintes, a cantiga de amor é cantada em 1ª pessoa. Nela, o trovador declara seu amor por uma dama, geralmente acometido pela coita, a dor amorosa diante da indiferença da amada.
A confissão amorosa é direta, e o trovador comumente dirige-se à dama como “mia senhor” ou “mia senhor fremosa” (“minha senhora” ou “minha formosa senhora”), em analogia às relações de senhorio e vassalagem medievais. O apaixonado é, portanto, servo e vassalo da amada e enuncia seu amor com insistência e intensidade.
Mesura1 seria, senhor2,
de vos amercear3 de mi,
que vós em grave4 dia vi,
e em mui grave voss’amor,
tam grave que nom hei poder
d’aquesta coita mais sofrer
de que muit’há fui sofredor.
Pero sabe Nostro Senhor
que nunca vo-l’eu mereci,
mais sabe bem que vós servi,
des que vos vi, sempr’o melhor
que nunca pudi fazer;
por em querede-vos doer
de mim, coitado pecador.
[...]
(D. Dinis, em Cantigas de D. Dinis, B 521b, V 124)
Cantigas de amigo
Embora compostas por trovadores homens, representam sempre uma voz feminina. É a dama quem vai expor seus sentimentos, sempre de maneira discreta, pois, para o contexto provençal, o valor mais importante de uma mulher é a discrição. A donzela dirige-se por vezes à sua mãe, a uma irmã ou amiga, ou ainda a um pastor ou alguém que encontre pelo caminho.
Oy eu, coytada, como vivo em gran cuydado
por meu amigo que ey alongado!
Muito me tarda
o meu amigo na Guarda
Oy eu, coytada, como vivo em gran desejo
por meu amigo que tarda e non vejo!
Muyto me tarda
o meu amigo na Guarda
(D. Sancho I ou Alfonso X [autoria duvidosa], Cancioneiro da Biblioteca Nacional, B 456)
Cantigas satíricas
Destinam-se a ironizar ou difamar determinada pessoa. Existem dois tipos de cantigas satíricas: as de escárnio e as de maldizer.
Cantigas de escárnio: são mais irônicas e trabalham sobretudo com trocadilhos e palavras de duplo sentido, sem mencionar diretamente nomes. São críticas indiretas: é um “mal dizer” de maneira encoberta, insinuada.
Ai dona fea, fostes-vos queixar
que vos nunca louv'en[o] meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei todavia;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, se Deus mi perdom,
pois havedes [a]tam gram coraçom
que vos eu loe, em esta razom
vos quero já loar todavia;
e vedes qual será a loaçom:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
em meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já um bom cantar farei
em que vos loarei todavia;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
(João Garcia de Gilhade, Cancioneiro da Biblioteca Nacional, B 1485 V 1097)
Cantigas de maldizer: trovadores apontam direta e nominalmente o alvo de suas sátiras, de forma propositalmente ofensiva e fazendo uso de vocabulário grosseiro.
Da mulher vossa, ó meu Pero Rodrigues
Jamais creiais no mal que falam dela.
Pois bem sei eu que ela por vós mui zela,
Quem não vos quer vos traz somente intrigas!
Pois quando deitou ela em minha cama,
A mim mui bem de ti ela falava,
Se a mim deu o corpo, é a vós quem ela ama.
Exercício:
Com base na leitura realizada, sua tarefa é estabelecer uma relação entre os tipos de cantigas do Trovadorismo com músicas/letras atuais. Reveja as caraterísticas de cada tipo e compare com estilos musicais atuais.
Soluções para a tarefa
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Resposta:
Desculpa mas eu não sei responder isso
Explicação:
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