Comparativo sobre a democracia na Grécia Antiga e a democracia no Brasil atual.
Democracia é uma forma de governo que tem como característica básica a escolha dos governantes pelo povo. A democracia moderna nasceu na Europa do século XVIII, em oposição ao Absolutismo então vigente. Mas não estamos tratando de um conceito estático. Nesse sentido, o Estado Moderno não tem o mesmo projeto democrático da polis grega do século v. a.C. Sob certos aspectos, a polis era amplamente mais democrática que o Estado Moderno, pela simples razão de que a democracia ateniense era direta, ou seja, um corpo de cidadãos reunidos em praça pública decidia diretamente acerca dos assuntos relativos ao Estado. No máximo 20 mil cidadãos, reunidos em Assembleia, constituíam a comunidade política da Atenas de Péricles, e eram eles que, por meio do diálogo e da persuasão, votavam e deliberaram os negócios públicos. Nesse momento, a ideia de democracia não era a de “maioria”, mesmo porque os cidadãos atenienses eram, de fato, a minoria da população da polis. Segundo Denis L. Rosenfield, a democracia grega era sobretudo um valor ligado à noção de liberdade política, ao “bem viver”, isto é, ao viver de acordo com uma comunidade virtuosa e justa. E nela existia um efetivo interesse e respeito pela coisa pública, pela troca de opiniões, pelo debate e pela ação política assentados em valores pertencentes a todos. Lembremos, entretanto, que cidadãos eram apenas os homens gregos e livres, e só eles tinham direito a essa democracia.
O Estado Moderno, por sua vez, não recriou o “espaço público”, a ágora ateniense onde a democracia ateniense era exercida pelos cidadãos, que participavam igualmente da administração pública. A democracia das sociedades burguesas modernas e contemporâneas, desde seu início, foi apenas formal, um espaço administrativo e burocrático situado fora do corpo de cidadãos. Nesse modelo, ainda hoje vigente, a participação de todos os cidadãos foi substituída pela eleição de representantes da maioria, políticos profissionais que tomam decisões sobre a vida de todos os representados. Nesse contexto, o ato de votar termina sendo um mero ritual, um espaço limitado do exercício democrático. Democracia é muito mais do que votar, e esse ato em si não garante para o votante a alcunha de cidadão, nem para o Estado a alcunha de democrático. Essa é a chamada democracia representativa, vigente hoje na maioria das Nações soberanas do mundo.
Os projetos contemporâneos de democracia sofreram grande influência do pensamento iluminista do século XVIII, principalmente de pensadores como Rousseau. Para ele, a democracia era uma forma de governo perfeita demais para os homens, e chegou mesmo a dizer que se houvesse um povo de deuses, ele seria governado democraticamente. Em outros termos, a democracia demandaria um corpo de virtudes que os homens não possuem, e por isso Rousseau concluiu que nunca houve nem jamais existirá uma verdadeira democracia. Precisamos ressaltar, no entanto, que Rousseau se referia à democracia direta, pois a democracia indireta, que ele já criticava, ainda estava emergindo em seu tempo. Apesar de apontar as dificuldades inerentes à democracia direta, ele exaltava a necessidade de algo que está longe de existir em nosso tempo: a participação dos cidadãos no serviço público. Nada mais atual: ele lamentava que os cidadãos preferirem pagar tropas para irem à guerra e nomear deputados para irem aos conselhos unicamente para ficarem em casa. Discordava, assim, que os cidadãos escolhessem a vida privada em detrimento de seus deveres públicos, relegando-os a representantes que lhes impunham leis. Em uma frase emblemática e ainda muito atual, afirmou que, quando um cidadão se refere aos negócios do Estado dizendo “Que me importa?”, pode-se ter certeza de que o Estado está perdido.
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está escrito em russo eu acho? ah se fosse em inglês pelo menos...
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