Comparação dos textos: Vagabundo- Alvares de Azevedo e Capítulo XLVI de Quincas Borba-Machado de Assis.
Vagabundo
Eu durmo e vivo ao sol como um cigano,
Fumando meu cigarro vaporoso;
Nas noites de verão adoro estrelas;
Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso!
Ando roto, sem bolsos nem dinheiro;
Mas tenho na viola uma riqueza:
Canto à lua de noite serenatas,
E quem vive de amor não tem pobreza.
Não invejo ninguém, nem ouço a raiva
Nas carvernas do peito, sufocante,
Quando à noite na treva em mim se entornam
Os reflexos do baile fascinante.
Namoro e sou feliz nos meus amores;
Sou garboso e rapaz...Uma criada
Abrasada de amor por um soneto
Já um beijo me deu subindo a escada...
Oito dias lá vão que ando cismando
Na donzela que ali defronte mora.
Ela ao ver-me sorri tão docemente!
Desconfio que a moça me namora...
Tenho por meu palácio as longas ruas;
Passeio a gosto e durmo sem temores;
Quando bebo, sou rei como um poeta,
E o vinho faz sonhar com os amores.
O degrau das igrejas é meu trono,
Minha pátria é o vento que respiro,
Minha mãe é a lua macilenta,
E a preguiça a mulher por quem suspiro.
Escrevo na parede as minhas rimas,
De painéis a carvão adorno a rua;
Como as aves do céu e as flores puras
Abro meu peito ao sol e durmo à lua.
Sinto-me um coração de lazzaroni;
Sou filho do calor, odeio o frio,
Não creio no diabo nem nos santos...
Rezo à nossa senhora e sou vadio!
Ora, se por aí alguma bela
Bem doirada e amante da preguiça
Quiser a nívea mão unir à minha,
Há de achar-me na Sé, domingo, à missa.
XLVI
O rumor das vozes e dos veículos acordou um mendigo que dormia nos degraus da igreja. O pobre diabo sentou-se, viu o que era, depois tornou a deitar-se, mas acordado, de barriga para o ar, com os olhos fitos no céu. O céu fitava-o também, impassível como ele, mas sem as rugas do mendigo, nem os sapatos rotos, nem os andrajos, um céu claro, estrelado, sossegado, olímpico, tal qual presidiu às bodas de Jacó e ao suicídio de Lucrécia. Olhavam-se numa espécie de jogo do siso, com certo ar de majestades rivais e tranqüilas, sem arrogância, nem baixeza, como se o mendigo dissesse ao céu:
— Afinal, não me hás de cair em cima.
E o céu:
— Nem tu me hás de escalar.
Bruhbuu:
Tmb quero saber!
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Em o Vagabundo de Álvares de Azevedo temos um homem que gosta e é feliz com a vida de vagabundo . Frequenta a praça da igrej ,vai à missa rezar gosta de ser sem teto não possui bens materiais .Ele mesmo diz: "Sou vadio mas sou feliz "
No capítulo 46 o autor Machado de Assis atraves de um Intertextualidade ;nos lembra deste vagabundo de Álvares Azevedo, que dorme no degrau da igreja de S. Francisco com o mendigo dele do capítulo 46, que dorme no degrau da igreja do Largo de S. Francisco.
Quem leu a obra toda percebe nitidamente esta referência ----> Rubiao no Capítulo 45 está chegando a praça é ele que "ouve o rumor das vozes....."( eu a- escritor) ele é uma "pessoa real" mas vazia no contexto do capítulo 46 . E você só percebe isto ao ler o começo do capítulo 47 Rubiao esta com inveja da vida do mendigo "ele não pensa em nada na vida". Ele lembra que já foi um mendigo como" o vagabundo " , antes de receber a herança de Quincas Borba, e era feliz.
Esta intertextualidade que Machado de Assis faz neste capítulo, nos faz prever como será a vida de Rubiao no fim do livro ,reduzido à mendicância .
Espero ter ajudado !
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