Como você entende a crítica do mundo preto e branco?
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Resposta:
O que distingue uma fotografia colorida de outra em preto e branco? A resposta é tão óbvia que os estudiosos não se sentem à vontade diante de uma questão tão simples: todos sabemos qual é a diferença. Mas, justamente por ser um problema elementar, poucos se dedicam a refletir sobre o tema, o que nos deixa no impasse apontado por Hegel na Fenomenologia do espírito: o que é bem conhecido, justamente por ser bem conhecido, não é reconhecido.
A dificuldade para abordar o assunto reside nessa aparente simplicidade. Tratemos então de explicitar aquilo que todo mundo já sabe. Existe uma diferença entre uma foto colorida e outra em preto e branco, claro, mas por que ela deveria atrair nossa atenção? Afinal, toda foto não consiste sempre em uma imagem capturada por meio de uma câmera?
É verdade que toda fotografia é uma imagem, mas o aspecto de cada gênero de fotos é bastante diferente. Um fenômeno semelhante ocorre na escultura. Uma estátua de bronze não se parece com uma obra em mármore. Mas elas não diferem apenas na coloração e na textura: são produzidas por meio de processos de trabalho muito diversos. A primeira é obtida a partir da modelagem da argila, que dá origem à fôrma na qual o metal derretido se transfigura em estátua; já a segunda é produzida por meio do desbaste paulatino de blocos de pedra. As duas são consideradas esculturas, mas modelar a argila e entalhar a pedra são métodos diferentes e produzem resultados diferentes.
A analogia com a escultura, contudo, aparentemente se esgota aqui. Embora fotos coloridas e em preto e branco tenham aspectos distintos, o processo de trabalho é sempre o mesmo: nos dois casos uma cena real é registrada num suporte físico. Só que a diferença essencial, no caso da fotografia, não reside no método, e sim na matéria-prima inscrita nesse suporte: a substância das imagens em preto e branco é a luz, enquanto a das coloridas é a cor.
Luz e cor obedecem a lógicas muito diversas. A primeira se manifesta nas imagens por meio de uma escala linear que contrapõe valores antagônicos: claridade (presença da luz) e escuridão (ausência). Já a segunda se explicita num círculo de matizes diferentes, mas complementares. Assim, a luz é regida por uma dialética dos opostos, e a cor, por uma dialética dos distintos.
É por essa razão que as fotos em branco e preto em geral parecem mais dramáticas e mais trágicas do que as fotos coloridas: é que as primeiras ressaltam os conflitos, as contradições. As imagens coloridas usualmente parecem mais amenas, mais contidas: elas substituem o tom épico das fotografias em preto e branco por um registro mais natural. Isso não significa que não existam inúmeras fotos coloridas extraordinariamente comoventes, impactantes. Mas, ao que tudo indica, o emprego do claro-escuro aparentemente aumenta a nossa capacidade de expressar as paixões humanas. Compare-se, por exemplo, estas duas fotos de Maureen Bisilliat: mesmo a imagem colorida deve boa parte de sua força às profundas áreas de sombra.
Explicação:
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