Português, perguntado por jubileu6874, 1 ano atrás

Como você descreve a importância do sentimento de vergonha no agir e pensar morais

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Respondido por tonycoelhorezende
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O epistemólogo suíço Jean Piaget foi o pioneiro no estudo da moralidade infantil. Em 1932, lançou o livro O juízo moral na criança, um clássico da Psicologia da Moralidade. Para realizar os estudos publicados nesse livro, Piaget (1932/1994) entrevistou crianças de 5 a 12 anos sobre regras de jogos e dilemas morais, abordando situações habituais como roubo, mentira, punição, responsabilidade, justiça e cola. No caso dos dilemas morais, as crianças respondiam a um inquérito, no qual eram juízas dos casos apresentados. O método empregado permite ter acesso ao pensamento de cada criança, ou seja, ao seu juízo moral em evidência, na ocasião das entrevistas.

Com estes estudos, Piaget (1932/1994) chegou à conclusão de que a evolução da consciência das regras passa por etapas: anomia, heteronomia e a autonomia, ou seja, a criança, ao longo do desenvolvimento moral, passa da anomia para a heteronomia, podendo chegar à autonomia. É importante ressaltar, entretanto, que Piaget destaca que se trata de tendências dominantes, e não de estágios fixos e estanques, e que sempre ocorrem na mesma ordem; ou seja, não é possível que uma criança passe da anomia para a autonomia sem passar pela heteromia.

A anomia é um período em que a criança ainda não entrou no universo moral, não há compreensão das regras (La Taille, 2006; Piaget, 1932/1994). Quando a criança adentra o universo moral e começa a compreender as regras, ela ingressa na heteronomia. Esse momento do desenvolvimento moral é marcado pelo realismo moral e pelo respeito unilateral. De acordo com Piaget (1932/1994), na heteronomia, os deveres são vistos como externos, impostos coercitivamente, e não como obrigações elaboradas pela consciência. O bem é visto como o cumprimento da ordem, o certo é a observância da regra que não pode ser transgredida nem relativizada por interpretações flexíveis. A responsabilidade pelos atos é avaliada de acordo com as consequências objetivas das ações e não pelas intenções; logo, o indivíduo obedece às normas por medo da punição. Nesses casos, na ausência da autoridade, pode ocorrer a desordem, a indisciplina. Na heteronomia, predomina o respeito unilateral e a regra coercitiva, onde a desigualdade entre o adulto e a criança é nitidamente visível como sendo uma relação de dever e obrigação.


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