Artes, perguntado por ReggaeVidda, 1 ano atrás

Como surgiu a Cia dos Atores? (Período de atividade).

Soluções para a tarefa

Respondido por rhyan040otxia5
2

RIO - Há dois anos o ator e diretor Enrique Diaz postava uma mensagem bombástica em seu perfil no site de relacionamentos Facebook: “Cia. dos Atores à beira da falência!!!” Endividado por conta da perda de patrocínio, o grupo rifava seus equipamentos e estava prestes a fechar sua sede, na Lapa. Mesmo com apoio renovado e o espaço mantido, na última quarta-feira o cofundador do grupo anunciou seu afastamento oficial da trupe que ajudou a criar 24 anos atrás: “Então é isso. Passaram-se 24 anos, fizemos uma penca de espetáculos, fizemos dois milhões e meio de reuniões, ganhamos uns tantos prêmios e fizemos umas tantas viagens. (...) O fato é que hoje, oficialmente, eu não faço mais parte da Companhia dos Atores”, dizia a mensagem.

— A história da companhia é uma história de geração, de amizade e aprendizado. Foi ela que me formou como diretor e forjou a minha relação com a ideia de colaboração, de querer estar com o outro — conta o diretor, em entrevista ao GLOBO. — Acontece que há vários anos ela não tem sido o lugar em que meus desejos têm se alimentado mais radicalmente, em que meu instinto de criação tem sido provocado para se desenvolver, encontrar formas, ritmos e imagens. Passei vários anos sem entender que eu podia ir embora. Por ter proposto a fundação da companhia, eu não era capaz de conceber a ideia de não estar lá. Todo esse tempo é de uma potência muito difícil de se equiparar, pelo menos para mim. Mas não tem que durar para sempre.

A última peça

Um dos principais grupos de teatro carioca, a Cia. dos Atores virou exemplo de um trabalho de pesquisa continuado e bem-sucedido, colecionando sucessos como os premiados espetáculos “A Bao A Qu” (1990), “Melodrama” (1995) e “Ensaio.Hamlet” (2004). Com mais de 20 peças encenadas, a maioria capitaneada por Diaz, o grupo seguirá em atividade apenas até 2013, quando completa 25 anos e planeja a estreia de “Ethos carioca”, escrita por Jô Bilac.

A nova peça é considerada por Cesar Augusto, outro cofundador da Cia., como o “último projeto comum” do grupo, já que contaria com os oito integrantes originais — além de Diaz e Cesar, Drica Moraes, Bel Garcia, Susana Ribeiro, Gustavo Gasparani, Marcelo Olinto e Marcelo Valle. Mesmo antes do anúncio de Diaz, porém, a Cia. já havia estabelecido que a peça comemorativa teria a direção de Bel Garcia.

— Estamos levantando as possibilidades de conseguir reunir todos em cena, seja presencialmente ou em imagem — adianta Cesar. — A participação do Kike (Enrique Diaz) não está descartada.

O diretor, no entanto, tem outros planos:

— Eu poderia ajudar de alguma forma, claro, mas é importante marcar este momento, então não estarei envolvido no trabalho.

Depois de “Ethos carioca”, Cesar diz que as novas criações de qualquer integrante remanescente da companhia poderão usar a sede do grupo, mas dentro de uma plataforma artística que “não será mais nomeada de Cia. dos Atores”.

— Após a peça, nossos ideais serão outros, abriremos ainda mais os desejos de cada um — diz Cesar. — Teremos a nossa história como alicerce, a sede como base para futuras construções e também como um espaço para receber novos grupos e artistas. Vamos trabalhar para que o espaço permaneça aberto e se sustente.

Na última década, após montagens como “Notícias cariocas” (2004) e “Ensaio.Hamlet”, Diaz não esteve à frente do grupo em projetos como “Devassa” (2010) e “Auto-peças 1 & 2” (2009 e 2011). Em paralelo, liderou produções importantes como “Gaivota” (2006), “In on it” (2010) e “A primeira vista” (2012). O diretor também criou outro grupo de pesquisa, o Coletivo Improviso, em que planeja continuar atuando.

— O Kike não está à frente da direção artística já há algum tempo — diz Cesar. — Permaneciam e ainda seguem os laços de amizade. Não brigamos, mas o trabalho árduo para manter projetos, perspectivas artísticas e responsabilidades com o espaço já não passava por ele.

Para 2013, Diaz planeja estrear o solo “Monster”, de Daniel MacIvor, e “A vida sônica de uma tarturaga gigante”, de Toshiki Okada:

— Tenho vontade de atuar mais, fazer novas parcerias, entre outras curiosidades.

Perguntas interessantes