Como se faz Ciência? (Só vale respostas grandes)
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Esta "rejeição" científica à hipótese da vida ser consequência de uma causa imaterial pode parecer uma "birra pessoal", mas na verdade é uma limitação metodológica. Afinal de contas, a ciência fundamenta-se no empirismo, deve dedicar-se apenas ao estudo do mundo "material", visível, testável, observado por todos da mesma forma (exceto cores para daltônicos, etc), ou seja, fatos objetivos. Caso haja realmente algo completamente imaterial, ou isto não é estudável cientificamente, ou não faz efeito no nosso mundo material. (Repare que aqui incluímos a capacidade da matéria se transformar em energia e vice-versa, como diz a famosa fórmula de Einstein). De uma forma ou de outra, não é problema da biologia (afinal, como se diz, problema sem solução resolvido está).
A única coisa "metafísica" realmente necessária para os estudos biológicos são os princípios científicos, os conceitos e métodos que os cientistas usam para estudar o mundo. Metodologias diversas, instrumentos cada vez mais precisos. Palavras inventadas, refinadas e alteradas durante toda a história da humanidade. Algumas delas, talhadas especialmente para os seres vivos, ou para um determinado organismo, ou ainda, para uma certa relação. Outras palavras são de uso comum a todos cientistas, embora possam apresentar variações locais.
Hoje em dia há uma grande quantidade de conhecimento disponível. Em alguns casos, há diversas teorias tentando explicar o mesmo objeto. Neste sentido, é importante saber diferenciar os fatos e as interpretações dos fatos. Um fato é algo que todos podem observar da mesma forma, é a matéria-bruta do pensamento científico. A pedra cai, isto é um fato. Para explicar este fato, usamos uma interpretação da realidade, a teoria da gravidade. Sendo assim, hipóteses, modelos e teorias são interpretações das coisas. A existência de genes relacionados ao comportamento é um fato, mas dizer que certa pessoa é violenta porque nasceu assim é uma interpretação. O aquecimento global é um fato, pois é medido pelos termômetros. O efeito estufa também é um fato verificado em laboratório. No entanto, dizer que o aquecimento global é causado pelo efeito estufa é uma interpretação, uma teoria que busca explicar os fatos.
Como se vai do fato para a interpretação? De que maneira nossa mente cria explicações sobre o que nossos olhos vêem? Este é mais um grande mistério da natureza, e costumamos lidar com ele identificando e nomeando algumas coisas básicas. Assim, existe o geral e o específico, que são como pólos de uma relação, estão sempre lá, os dois, nenhum tendo sido completamente atingido. Estas duas palavras nos remetem a Aristóteles, que distinguia entre o gênero (a essência básica de cada conjunto de coisas) e a espécie (as coisas propriamente ditas, cheias de imperfeições com relação a esta essência). Hoje em dia, os biólogos adotam o sistema de classificação binomial, onde o nome da espécie deve incluir também o gênero em que ela se inclui. Por isso somos Homo sapiens e não apenas sapiens (o segundo sapiens serve mais para a vaidade humana do que qualquer outra coisa). Na classificação biológica (a taxonomia), existe vários níveis de táxons: quanto mais geral é o nível, menor é o grau de semelhança entre as espécies incluídas. Os níveis básicos de classificação são, do geral para o específico: Domínio, Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Gênero e Espécie. O conceito de raça, ou sub-espécie, é geralmente difícil de ser definido com precisão.
Como vemos, a mente humana é capaz, por alguma razão desconhecida, de caminhar com certa liberdade entre diferentes níveis de generalização. Se o sol nasceu todos os dias da sua vida, você logo conclui: o sol sempre nasce. Isto é uma generalização. Já não é mais um fato propriamente dito, pois o futuro não está dado. O empirismo, no sentido radical, não pode prever um milésimo do futuro. Mas não sejamos radicais. Vejamos os outros nomes que nos ajudam a utilizar esta misteriosa habilidade da mente, que poderia ser didaticamente dividida em dois momentos: 1) raciocínio indutivo (indução), o processo pelo qual a mente, ao observar diversos objetos específicos, cria um padrão geral, algo que unifique estes diversos objetos específicos. O raciocínio indutivo é a fonte do conhecimento, da ciência e do preconceito. Isto porque, indo de algo específico para algo mais geral, você está concluindo mais do que sabe. Se o sol nasceu nos últimos dez anos, você sabe do passado; mas dizer que o sol sempre nasce inclui também o futuro (e o passado remoto), que é algo que você não sabe. A indução é, portanto, uma forma de raciocínio "de risco", como diriam os economistas, e quanto maior o possível ganho, maior a possível perda. Para não ficarem tão submetidos a este risco, os seres humanos inventaram a dedução, 2) o raciocínio dedutivo, que o complementa, ou seja, vai do geral para o específico. Assim, você pode testar suas hipóteses observando o mundo à sua volta.
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