Como se dá a relação das artes cênicas e deficiência física.
[pra amanhã me ajudem Pfv scrr]
Soluções para a tarefa
A convivência com Evaldo Nogueira, um dos grandes músicos mineiros, instrumentista, cantor, compositor e arranjador, deficiente visual desde a infância, me ensinou muito, principalmente que a palavra limite deveria ser usada de forma mais econômica e com mais cautela. Ele desenvolveu uma grande capacidade de independência que possibilitou a realização de uma trajetória artística considerável. É impressionante observar como a arte pode catalisar o potencial de cada pessoa e desenvolver outros olhares e criar novos paradigmas.
Durante toda a minha vida tenho encontrado artistas com limitações físicas, que, a grosso modo, não significam absolutamente nenhum entrave à produção artística. Como exemplo, na Escola de Teatro PUC Minas, onde lecionei por vários anos, conseguimos fazer com que o Tales, deficiente auditivo, concluísse o curso, e mais tarde obtivesse o seu registro profissional como ator. Isso mesmo, um deficiente auditivo tornou-se ator profissional e formou um grupo de colegas com as mesmas deficiências. Tive a oportunidade de assistir a um espetáculo com este grupo. O texto era de Machado de Assis!
É delicioso assistir a um espetáculo silencioso, no qual todas as palavras são expressas através do código de libras, e a plateia aplaude. Outra grande artista chama-se Kátia Santana, com paralisia cerebral e comprometimento na fala, mãos e pernas, mas com uma capacidade imensa de enxergar as cores, o espaço, o equilíbrio entre as texturas e produzir pinturas que impressionam qualquer pessoa, desde uma criança até um expert em artes plásticas. Já realizou várias exposições, até no Senado Federal, e suas obras deixam a marca da pujança e da expressividade.
Já convivi com uma bailarina profissional que não tem os braços, já conheci campeão de xadrez com deficiência visual, já vi grupo teatral formado por pessoas com esta deficiência, escritores, escultores, poetas, enfim... já vi muita arte e beleza produzida por pessoas com limitações físicas e tenho certeza que só enxerguei a ponta do iceberg. São artistas, da melhor qualidade. Como precursores de um novo tempo, poderão ajudar a melhorar a nossa sociedade, influenciada pela excessiva padronização da imagem do corpo idealizado, a redescobrir o caminho do respeito e da igualdade entre os seres humanos, num mundo cada vez mais diverso e plural.