como se da a nossa Universidade e diversidade
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Resposta:
As transformações ocorridas nos últimos anos na educação nacional, como a expansão universitária, impactaram na forma de pensar o Ensino Superior como campo de produção e ressignificação do conhecimento. Esse novo perfil propiciou à universidade rever suas propostas pedagógicas, a relação professor-aluno, o seu papel sociocultural e político, o processo de ingresso dos estudantes, além das políticas de permanência e evasão. Também trouxe à tona uma série de reivindicações tanto dos estudantes quanto dos docentes pela discussão de temas, revisão de posturas e posicionamentos em relação ao racismo, ao preconceito, as cotas, as questões de gênero, a intolerância religiosa, a formação ofertada, ao modelo eurocêntrico de currículo, ao perfil do egresso, dentre muitos outros.
É perceptível que tais mudanças são necessárias e estão acontecendo de forma a fazer com que a universidade se recrie cotidianamente. Muitos se perguntam se elas devem, de fato, acontecer. Ora, a Universidade deixou, a muito tempo, de ser um espaço opaco. Hoje ela é formada por inúmeras cores que exprimem a nossa realidade. Entretanto, por mais diverso que seja esse espaço e por mais democrático que ele aparenta ser, ainda é preciso rever o formato de seus cursos, do conhecimento ofertado e de suas ações, uma vez que o cenário descortinado amplia o horizonte de perspectivas que levam ao exercício pleno de práticas pedagógicas e formativas balizadas por uma pedagogia da alteridade e, consequentemente, da diversidade.
Neste contexto de mudanças, destaco que a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), por meio da Pró-reitoria de Graduação, tem se movimentado para fazer com que as questões raciais, os direitos humanos e outros campos de possibilidade do exercício da alteridade e da diversidade sejam efetivados na forma de um trabalho significativo, capaz de promover uma educação mais humana e conscientizadora. A UFU foi uma das primeiras universidades públicas a institucionalizar uma comissão de assessoramento e acompanhamento à implementação da Lei n° 10.639/03 e 11.635/08, que referenda a efetivação da temática da cultura africana e afro-brasileira nos currículos de todos os cursos de graduação e também que seja concretizada a Educação em direitos Humanos, conforme as exigências do Conselho Nacional de Educação por meio do Parecer n. 8/2012.
Essas comissões são compostas por docentes, técnicos administrativos, discentes dos diversos cursos da UFU, representantes dos Conselhos Universitários, Núcleos de Estudos e Campi fora da sede, e atuam na assistência pedagógica de inclusão, nas fichas de disciplinas dos projetos pedagógicos dos cursos de graduação, dos conteúdos étnico-raciais e direitos humanos. Além de produzirem pareceres com sugestões e apontamentos para a inserção da temática racial (africana, afro-brasileira e indígena) e da educação em direitos humanos nas disciplinas e/ou conteúdos, e promoverem cursos para a Educação das Relações Étnico-raciais e em direitos humanos para docentes e técnicos administrativos.
Se, por um, lado é perceptível o avanço rumo à concretização de um conjunto de ações que primem pela equidade das políticas públicas em seu interior, valorizando o ingresso de grupos populares, negro/as, por outro, tem pela frente grandes desafios como o de banir as mais diversas formas de preconceito e discriminação do seu interior, dando visibilidade positiva a esses grupos, recuperando o protagonismo histórico entre o que e o como se ensina e se aprende nos cursos de graduação.
O contexto acadêmico da maioria das universidades brasileiras é dinâmico e muitas ações podem ser realizadas a fim de contribuir com uma pedagogia da alteridade e da diversidade capaz de dar visibilidade positiva às questões raciais, reverberando significativamente na promoção de uma educação para os direitos humanos. É evidente que a UFU precisa caminhar bastante para se tornar referência no campo da diversidade, mas vale ressaltar o empenho e as ações desenvolvidas pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros-NEAB, pelos projetos de ensino-PBG, de Melhoria do Ensino de Graduação-PROSSIGA, de extensão-PEIC ou projetos e estudos realizados por docentes, discentes e técnicos administrativos.
Esse quadro se amplia para novas possibilidades e novos diálogos, uma vez que a preocupação em questão está na aprovação de uma política institucional que referende a concretude das ações positivas no que se refere à educação étnico-racial e para os direitos humanos que represente os anseios dos discentes, docentes e comunidade em geral que tem a preocupação com uma formação que saia do viés eurocêntrico e caminhe para a concretude de uma formação etnocêntrica, plural e mais humana.